Topo

MP da Bahia denuncia Marcos Valério por esquema de grilagem de terra

Marcos Valério foi preso no começo de dezembro, mas já foi solto e responderá ao processo em liberdade Imagem: Charles Silva Duarte/O Tempo/Ag. O Globo

Do UOL, em São Paulo

19/01/2012 16h47Atualizada em 19/01/2012 18h28

O Ministério Público da Bahia denunciou nesta quinta-feira (19) o empresário Marcos Valério e outros envolvidos em um esquema de falsificação de documentos públicos para a grilagem de terras na Bahia. Valério, acusado de ser o operador do esquema que ficou conhecido como mensalão, foi preso no dia 2 de dezembro em Belo Horizonte (MG) durante a operação "Terra do Nunca", mas foi solto dias depois.

Segundo o MP, Valério e mais 34 foram denunciados à Justiça por “de forma ilegal, tornarem-se proprietários de imóveis – na maioria fazendas – localizados no município baiano de São Desidério”. Entre os denunciados estão os sócios de Valério, Ramon Hollerbach e Francisco Marcos Castilho Santos, além de empresários de Minas Gerais, da Bahia e de São Paulo, agropecuaristas, agricultores, lavradores, advogados e oficiais de cartório. Todos são acusados pelos promotores Carlos André Milton Pereira e George Elias Gonçalves Pereira de crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, uso de documentos falsos, entre outros.

Veja também

Valério é acusado de ter se beneficiado de esquema de falsificação de documentos públicos, criando matrículas falsas de imóveis inexistentes para servirem como garantia de dívidas de empresas. A suposta fraude foi descoberta em 2005, de acordo com o MP, que acusa advogados e oficiais de cartórios de registros de imóveis e de tabelionato de notas na falsificação de documentos públicos de participação no esquema.

A defesa de Valério alega que as únicas acusações contra seu cliente são de formação de quadrilha e falsificação de documento público –crimes que já prescreveram, de acordo com os advogados. Também ressalta que a maioria das acusações mais graves pesa contra outros envolvidos nos inquéritos.

Os advogados lembram ainda que os eventos relacionados à compra de títulos de terras pelas empresas SMP&B e DNA, agências das quais Valério era sócio, ocorreram em 2000 e 2002, e que desde então não houve nenhuma movimentação que justifique a prisão para evitar novas fraudes cartoriais.

A defesa ainda argumenta que o fato de seu cliente ser réu no processo do mensalão, “circunstância repetida diversas vezes na decisão impugnada”, faz com que Valério seja alvo de perseguições infundadas.

Como funcionava a fraude

Segundo os promotores, diversas quadrilhas, que nem sempre tinham ligação, atuavam no esquema de criação de matrículas falsas de imóveis que, às vezes, nem existiam. O golpe acontecia nos cartórios das cidades baianas de Barreiras e São Desidério.

As falsificações, segundo os promotores, eram efetivadas com o auxílio de oficiais de cartório, que “recebiam vantagens econômicas ilícitas” e foram denunciadas também pelo crime de corrupção passiva.

No esquema, por exemplo, a empresa de Marcos Valério e Ramon Hollebarch conseguiu criar, a partir de um terreno de 360m² em Barreiras, “cinco enormes propriedades rurais” em São Desidério, segundo o MP. As escrituras públicas constantes nos autos, afirmam os promotores, eram elaboradas no tabelionato, repletas de falsificações e assinadas por um analfabeto e pelos dois empresários, que, aliás, “nunca vieram aos municípios de Barreiras e São Desidério”.

Marcos Valério, acusado de integrar duas quadrilhas, participou ainda da falsificação de matrículas de outros imóveis, sendo que algumas decorreram de matrículas que nem existiam fisicamente em cartório.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

MP da Bahia denuncia Marcos Valério por esquema de grilagem de terra - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Cotidiano