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Computador de dona de casa achada morta em Mairiporã tinha pesquisa sobre veneno de rato

Mulher foi achada morta em Mairiporã em 14 de janeiro - Acervo Pessoal/Reprodução/Facebook
Mulher foi achada morta em Mairiporã em 14 de janeiro Imagem: Acervo Pessoal/Reprodução/Facebook

Janaina Garcia

Do UOL, em Mairiporã (SP)

20/01/2012 16h13Atualizada em 20/01/2012 18h47

A Polícia Civil de Mairiporã (Grande SP) disse nesta sexta-feira (20) que, dois dias antes de morrer, a dona de casa Geralda Guabiraba, 54, pode ter pesquisado sobre veneno do tipo chumbinho.

A informação é da delegada Cláudia Dalvia, que falou hoje à tarde em entrevista coletiva sobre os depoimentos já tomados e sobre o que foi encontrado preliminarmente no computador da vítima. Segundo ela, ainda não se sabe exatamente se há relação entre a pesquisa e a morte da dona de casa, nem se foi Geralda quem acessou os sites.

Em depoimento, amigos da dona de casa disseram que ela fez tratamento psiquiátrico por um “longo tempo”, mas parou de tomar medicamentos há cerca de dois meses. A delegada afirma que pretende ouvir até o fim deste mês, ou em fevereiro, o psiquiatra da vítima. Ele está viajando.

“As hipóteses mais fortes são de vingança ou magia negra, mas há, sim, indicativo de que a vítima saiu de casa à 1h sem intenção de voltar”, afirmou a delegada, que descartou, por outro lado, que Geralda fosse adepta de magia negra. “Ela pode, por algum motivo que ainda não sabemos, é ter confiado nas pessoas erradas.”

O corpo de Geralda foi encontrado na madrugada do último sábado, desfigurado e sem os olhos, no local conhecido como Pedra da Macumba, em uma estrada isolada de Mairiporã, no caminho para São Paulo. O local é usado em rituais religiosos.

Segundo a delegada, os 12 depoimentos colhidos até hoje reforçam a hipótese de que a dona de casa, que morava em São Paulo com o marido, pode ter sido vítima de magia negra. Geralda era mulher de José Pereira Guabiraba, um dos diretores comerciais do Grupo Estado.

“Amigos e familiares apontaram um mesmo tipo de pessoa: recatada, muito católica, que sempre que podia ajudava na igreja. Mas temos mais amigos dela para ouvir, e creio mesmo que este é um caso que depende mais dos depoimentos que da perícia”, disse a delegada.

Para os próximos dias, além de mais interrogatórios, são esperadas as análises do computador que era usado por Geralda e também da necropsia --a polícia quer saber se ela foi sedada ou envenenada antes de ser morta. Será periciado também um frasco que ela usava para guardar remédios e que, segundo uma empregada ouvida, teve o rótulo arrancado.

A delegada preferiu não revelar, por outro lado, por que razão a família comunicou a polícia sobre o desaparecimento apenas às 8h da manhã de sábado, de modo que às 3h já teria ligado para o celular da vítima em busca dela. "Eles acharam que ela iria à casa da filha, mas há questões sobre hábitos dela que,por enquanto, são sigilosas", resumiu.

Antes de sair, Geralda deixou em casa bolsa, celular, documentos e um anel que sempre usava. Foi apenas com a aliança, e uma sacola com garrafa que também passa por perícia. Não havia sinais de defesa no corpo, diz a polícia.

Carro dirigido por um homem

Um dos casos que chamaram atenção nos depoimentos, disse a policial, foi a de um comerciante que disse ter visto o carro da vítima passar em alta velocidade, próximo ao horário em que ela saiu de casa, mas com um rapaz "pardo e forte" ao volante. Não há pistas sobre o sujeito.

“Ele [o comerciante] admitiu que o carro estava em alta velocidade, mas bem ali havia uma lombada [o que fez o veículo diminuir de velocidade]”, explicou.

Caso semelhante em 2000

Mais cedo, esteve na delegacia o advogado e delegado aposentado Nathan Rosemblatt, que até hoje investiga o caso de uma jovem encontrada morta na favela do Morumbi, zona sul de São Paulo, em setembro de 2000. A polícia nunca elucidou o caso, que também chocou pela brutalidade: assim como a dona de casa, a jovem teve os olhos e a musculatura da face arrancados. A diferença é que, naquele caso, a vítima estava com as mãos amarradas para trás.
 
Para o delegado aposentado, ainda que as motivações nas duas mortes possam ser distintas, são estranhas as semelhanças na execução do crime.
 
"Apesar do tempo decorrido, é bom investigar a fundo, para que se evitem novos casos", defendeu. Mas ressalvou: "Alessandra foi subjugada; a vítima agora teria ido ao encontro de alguém. E no caso passado, vi mais motivação emocional, como inveja ou ciúmes. Ela era uma jovem linda", declarou.
 
As informações sobre o caso de 2000 também foram encaminhadas à delegada-chefe de Mairiporã pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) para análise. “Tudo que vier de informação e apoio nos ajudará”, afirmou a delegada.