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Perícia quer saber se mesma faca foi utilizada na morte de procuradora e do ex-marido em MG

A procuradora federal Ana Alice Moreira de Melo, 35, assassinada em MG - Reprodução
A procuradora federal Ana Alice Moreira de Melo, 35, assassinada em MG Imagem: Reprodução

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

06/02/2012 17h09

A Polícia Civil de Minas Gerais vai realizar uma perícia complementar ainda nesta semana na mansão da procuradora federal Ana Alice Moreira de Melo, 35, assassinada na madrugada da última quinta-feira (2), em condomínio de luxo de Nova Lima (região metropolitana de Belo Horizonte).

A intenção dos peritos é verificar se a faca empregada para matar a mulher é a mesma encontrada com o principal suspeito da morte dela, o empresário Djalma Brugnara Veloso, 49, ex-marido da procuradora. Ele foi encontrado sem vida no final da noite da quinta-feira passada em um quarto de motel, em Belo Horizonte.

O utensílio faria parte de um conjunto de facas da cozinha do imóvel, e, caso seja comprovada como sendo a arma das duas mortes, ficaria mais próxima a hipótese de homicídio seguido de suicídio. Exame de DNA será feito em sangue encontrado na faca.

De acordo com o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP), as provas colhidas no quarto apontaram que Veloso cometeu suicídio, não sem antes ter desencadeado processo de “autoflagelação” que durou horas.

No entanto, o laudo sobre a morte do empresário deverá ser concluído em 30 dias. Moreira também confirmou pedido de exames toxicológicos no corpo do suspeito de ter matado a ex-mulher.

Já a delegada Renata Ribeiro Fagundes, responsável pela investigação da morte da procuradora, afirmou que a tendência será um pedido ao Ministério Público para encerramento do inquérito, por conta de as evidências apontarem Veloso como responsável pela morte da ex-mulher.

Os corpos de Ana Alice e Djalma Veloso foram enterrados na última sexta-feira (3) em cemitérios distintos, na capital mineira, em cerimônias reservadas a familiares e amigos mais próximos.

O casal

Veloso era dono de uma locadora de veículos na região oeste de Belo Horizonte. Filho de uma família mineira tradicional, ele se casou com Ana Alice há 13 anos. Os dois figuravam em colunas sociais de Belo Horizonte e moravam numa mansão em um dos condomínios fechados mais exclusivos da região metropolitana.

A relação do casal começou a ficar ruim em 2008, conforme relatos do advogado da procuradora, Murilo Andrade. Depois de tentar salvar o casamento, por causa dos filhos, de três e sete anos, a mulher entrou com processo de separação, que não chegou a ser concluído.

Segundo informação de pessoa ligada ao caso, os dois filhos do casal estão com a avó materna, que reside em Belo Horizonte.

Ameaça e proteção tardia

A delegada Renata Ribeiro Fagundes afirmou que Ana Alice havia ido à 4ª Delegacia de Nova Lima, em 24 de janeiro, para registrar um boletim de ocorrência de ameaça de morte contra o suspeito.

“Foi confeccionado um Eamp (Expediente Apartado de Medida Protetiva), que a lei Maria da Penha oferta. Esse expediente foi encaminhado no mesmo dia à Justiça”, disse. Segundo a delegada, a mulher buscava resguardar seus direitos porque pretendia deixar a casa, mas não queria abrir mão da guarda dos filhos.

Ela teria sido orientada a fazer uma representação criminal contra o suspeito e a deixar a casa, mas a delegada não soube informar a razão de a mulher ter permanecido na residência.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) informou que o magistrado Juarez Morais de Azevedo, da Vara Criminal, Infância e Juventude de Nova Lima, havia deferido medida protetiva que determinava a saída do acusado da casa onde a procuradora foi morta. O despacho saiu depois das 18h de quarta-feira (1º), horas antes de ela ser assassinada.

O advogado da procuradora disse ter feito o pedido de afastamento do lar para o ex-marido porque considerou insuficientes medidas protetivas que já haviam sido deferidas no dia 25 de janeiro à sua cliente: o suspeito deveria manter-se afastado por 30 metros dela, não poderia manter contato por nenhum meio de comunicação com ela nem com os filhos e não poderia frequentar ao mesmo tempo os locais onde eles estivessem.