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Ipea conclui que 85% dos principais aeroportos brasileiros estão em situação crítica ou preocupante

Aeroporto de Brasília registrou movimento intenso de passageiros em 17 de fevereiro, sexta de Carnaval - Pedro Ladeira/Frame/AE
Aeroporto de Brasília registrou movimento intenso de passageiros em 17 de fevereiro, sexta de Carnaval Imagem: Pedro Ladeira/Frame/AE

Gilberto Costa

Da Agência Brasil, em Brasília

14/03/2012 19h57

Um estudo divulgado hoje (14) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta que 17 dos 20 principais aeroportos brasileiros, ou 85%, estão em situação “crítica” ou “preocupante”. Desses, 12 estão funcionando acima da capacidade operacional. Apenas os aeroportos de Porto Alegre, Salvador e Manaus funcionam em condições “adequadas”, fora do “cenário de estrangulamento”.

A avaliação, feita antes da concessão à iniciativa privada dos aeroportos de Brasília, Guarulhos (SP) e Campinas (SP), é que “permanece limitada a capacidade da Infraero [Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária] em executar seu programa de investimentos. Em 2011, a estatal executou 34% de sua dotação anual inscrita no orçamento das empresas estatais [dotação de R$ 2,216 bilhões e execução de R$ 747,82 milhões]”. A conclusão consta do artigo Aeroportos no Brasil: Investimentos e Concessões, de autoria do coordenador de Infraestrutura Econômica do Ipea, Carlos Campos.

A preocupação se agrava com a aproximação da Copa do Mundo de 2014. Segundo o estudo, as etapas do Plano de Investimentos da Infraero “pouco evoluíram nos últimos 12 meses, entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2012”. “Dos 11 aeroportos nos quais estão previstos investimentos nos terminais de passageiros, oito estão nas fases iniciais de projetos”.

Mesmo para os aeroportos concedidos, o Ipea faz ressalvas: “é fator de preocupação a exiguidade dos prazos definidos pelo edital para as várias etapas do processo de concessão, diante da necessidade de que os três aeroportos estejam prontos a tempo de atender ao evento de 2014”.

Após a concessão de três aeroportos à iniciativa privada, começa a ganhar corpo a ideia de construir um novo aeroporto em São Paulo. A avaliação é que Viracopos, de Campinas, não terá condições de atender à demanda de passageiros e carga não assimiláveis pelos aeroportos de Cumbica e Congonhas. “Se não debatermos isso hoje, quando quisermos fazer não será possível”, enfatiza o técnico do Ipea Erivelton Guedes, que avaliou as alternativas para infraestrutura aeroportuária na Região Metropolitana de São Paulo –que concentra 30% do movimento de passageiros.

Ele chama atenção que a solução em São Paulo tem que ser pensada em conjunto considerando a construção do trem-bala e a demanda que um aeroporto distante da capital, como o de Campinas, criará para a rodovia.

Segundo o Ipea, não apenas os aeroportos preocupam. O Brasil investe apenas 0,7% do PIB, incluindo o PAC, em transporte. O percentual é inferior ao que fazem outros países emergentes, como a China, Índia, Rússia, o Chile e até o Vietnã –na casa de 2,7% do PIB. Carlos Campos calcula que o país necessita investir R$ 185 bilhões em rodovias; R$ 75 bilhões em ferrovias e mais R$ 45 bilhões em portos.

O cálculo não inclui as necessidades de infraestrutura urbana e mobilidade nas cidades. O coordenador de Infraestrutura Econômica do Ipea aponta que o país não soube aproveitar a Copa do Mundo para resolver os problemas de transporte nas 12 cidades-sede do torneio. Quando a Copa do Mundo foi anunciada no Brasil, a mobilidade urbana foi considerada como “o principal legado” do Mundial de futebol. “É uma pena estar perdendo a oportunidade para efetivar, para a população, os ganhos com a mobilidade urbana”.