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Substituto de juíza assassinada diz nunca ter pensado em pedir escolta

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

11/08/2012 06h00

O atual titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, Fábio Uchoa, que assumiu a comarca após o assassinato da juíza Patrícia Acioli, afirma nunca ter pensado em pedir escolta, tampouco transferência para outra comarca.

Ele diz que, até o momento, nenhuma ameaça em relação a ele foi interceptada. "O juiz não pode atuar com medo dos criminosos. A lógica é o contrário. Eu venho trabalhar aqui normalmente, da mesma forma que qualquer juiz trabalha em qualquer lugar".

Uchoa encaminhou para julgamento quase todos os réus em processos que estavam sendo analisados pela magistrada antes de sua morte, que completa um ano neste sábado (11). Segundo ele, apenas um foi absolvido sumariamente por falta de provas. A maioria dos pronunciados é formada por PMs.

A morte da magistrada e a dificuldade para substitui-la, já que muitos juízes ficaram com medo em razão das circunstâncias do crime (Acioli teria sido morta por PMs que eram investigados por ela), fez com que os processos na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo se acumulassem.

De acordo com Uchoa, mais de cem policiais estavam envolvidos em homicídios. "Eu faço audiências até hoje [dos processos que eram analisados por Acioli]. Quase que todo dia eu tenho audiências com policiais militares".

Uma força-tarefa foi realizada por Uchoa e outros dois juízes, também titulares da comarca, para reduzir o número de pendências. Atualmente, segundo o juiz, são realizados, em média, cinco julgamentos por semana. No 1º Tribunal do Júri da Capital, por exemplo, onde o magistrado também é o titular, a média é de dois julgamentos por semana.

De janeiro a julho deste ano, foram feitos 120 julgamentos na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo --o magistrado compara o número com os registrados pelo Tribunal do Júri do município, por exemplo, que costuma realizar de 60 a 80 julgamentos por ano.

O grande número de casos de homicídio ilustra o problema da criminalidade na região. "A criminalidade no município possui números bastante expressivos, trata-se de um perigo latente, de fato, mas temos que lembrar que a região é muito pobre", afirmou.

Em relação ao processo sobre o jovem morador do Morro do Salgueiro, em São Gonçalo, que teria sido assassinado em um falso caso de auto de resistência envolvendo os mesmos policiais acusados de matar Patrícia Acioli –caso que, segundo o MP, teria motivado o crime--, todos os réus foram pronunciados em maio deste ano, isto é, encaminhados para julgamento. No entanto, ainda há recursos da defesa a serem avaliados.