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Advogada diz que família aceita versão da polícia sobre morte de primo do goleiro Bruno

Sérgio Rosa Salles é recebido pelas irmãs ao deixar a prisão, no ano passado - Rodrigo Clemente/O Tempo/Futura Press
Sérgio Rosa Salles é recebido pelas irmãs ao deixar a prisão, no ano passado Imagem: Rodrigo Clemente/O Tempo/Futura Press

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

06/09/2012 14h25

A advogada Adriana Eymar disse nesta quinta-feira (6) que a família de Sérgio Rosa Salles, primo do goleiro Bruno assassinado em Belo Horizonte no último dia 22, aceitou a versão apresentada pela Corregedoria da Polícia Civil, que apontou como sendo passional a motivação para a execução de Salles.

A família deverá se pronunciar em breve sobre o episódio, informou Adriana, e revelar detalhes sobre a concordância com relação ao desfecho da morte de Salles que, segundo uma fonte ligada ao caso, teria a fama de “mulherengo”.

Ele foi assassinado com seis tiros no bairro Minaslândia, região norte da capital mineira, era um dos réus no processo que investiga o sumiço de Eliza Samudio, ex-amante de Bruno, e havia colaborado com as investigações da Polícia Civil mineira.

A corregedoria do órgão apontou um casal responsável pela morte de Camelo, como era conhecido o primo do goleiro Bruno, e que se apresentou à polícia na última segunda-feira (3). Os dois teriam ficado assustados com a repercussão do caso e disseram desconhecer que Salles era primo do goleiro Bruno.

Segundo a investigação, Alexandre Ângelo de Oliveira, 28, foi o autor dos disparos. Ele é amante de Denilza Cesário da Silva, 30, que estaria sendo assediada por Salles. A advogada elogiou o trabalho da Corregedoria, mas adiantou, no entanto, que os parentes de Camelo discordaram de versão apresentada pela mulher à polícia.

Segundo essa versão, Salles teria exibido as partes íntimas para ela. “Isso não é da índole dele. Ele sempre namorou, mas com correção e integridade”, afirmou rapidamente ao UOL a advogada.

Prisão

Apesar de terem se apresentado na segunda-feira, os acusados da morte de Camelo foram presos somente na terça-feira (4) em razão de mandado de prisão temporária pela Justiça. Apesar de o inquérito ainda não ter sido concluído, eles serão indiciados por homicídio qualificado. Nesta quarta-feira (5), os dois participaram de uma reconstituição, que durou cinco horas.

De acordo com o subcorregedor da Polícia Civil de Minas Gerais, Alexandre França Pena, os dois eram amantes. Eles contaram que resolveram matar Salles após o mesmo ter assediado, inclusive tentando tocar nas partes íntimas da mulher, por duas vezes na rua.

O casal, então, planejou usar Denilza como isca.  No dia do crime, ela passou em frente à casa do primo de Bruno, e, na ocasião, a vítima teria tentado abraçá-la. Oliveira, que observava de longe, começou a atirar e perseguir Salles pelas ruas do bairro em uma motocicleta.

O suspeito tem passagem na polícia por tráfico de drogas. O revólver utilizado no crime, de calibre 38, ainda não localizado. Camelo iria, juntamente com Bruno e mais seis pessoas, a júri popular, ainda sem data definida, pelo desaparecimento de Eliza Samudio.

Ele aguardava o julgamento em liberdade. Os réus são acusados de matar a ex-modelo, cujo corpo nunca foi encontrado. A morte da vítima, contudo, foi reconhecida pela Justiça. Por Salles ser considerado peça-chave no processo, a polícia investigava se a morte teria sido uma queima de arquivo.

Policiais envolvidos

A investigação sobre o assassinato de Salles foi assumida pela Corregedoria da Polícia Civil mineira no último dia 27 por conta de uma das linhas de investigações versarem sobre a suposta participação de policiais civis na morte de Camelo.

Essa hipótese foi descartada, de acordo com a assessoria da corporação, que afirmou ter recebido as informações do desfecho do caso pelo corregedor-geral de Polícia Civil mineira, Renato Patrício Teixeira.

O órgão havia retirado do Departamento de Investigações de Minas Gerais a incumbência de solucionar a morte de Salles após acatar pedido da Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público.

Em nota, a corregedoria tinha afirmado que Salles, durante a fase de investigações sobre o desaparecimento de Eliza, havia dito à Justiça ter sofrido constrangimentos no DHPP.

“Para evitar qualquer dúvida em relação à transparência das investigações, a Corregedoria então resolveu assumir a presidência do inquérito”, informou na ocasião a nota da polícia. A corregedoria, desde então, estava colhendo o testemunho de familiares e conhecidos de Camelo.