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MPT pretende investigar denúncia de contaminação de trabalhadores em fábrica desativada da Rhodia

Elaine Patricia Cruz

Da Agência Brasil, em São Paulo

11/09/2012 19h01

 

Funcionários terceirizados que trabalham na desativação de uma antiga unidade da Rhodia, em Cubatão (SP), alegam que foram contaminados com um pesticida chamado hexaclorobenzeno. Eles procuraram a ajuda da Associação de Combate aos Poluentes (ACPO), uma entidade sem fins lucrativos que atua na proteção do meio ambiente e da saúde pública, que levou a denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT).

Segundo a associação, os problemas de saúde começaram a ser constatados em 1978, quando trabalhadores da unidade da Rhodia em Cubatão, que trabalhavam com um composto conhecido como Pó da China, começaram a apresentar tumores pelo corpo. Em 1979, a unidade de produção foi desativada. Em 1992, ocorreu uma nova denúncia de contaminação: operários da fábrica de solventes clorados, em Cubatão, descobriram que também estavam intoxicados por poluentes da Rhodia, o que foi comprovado por exames sanguíneos que atestaram a presença de hexaclorobenzeno.

A fábrica foi interditada em 1993 e, desde então, nunca mais voltou a funcionar. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, os funcionários da unidade que fizeram exames que comprovaram “quadro suspeito” para contaminação passaram a receber uma licença remunerada.

Em 1995, um TAC (termo de ajustamento de conduta) assinado entre a empresa, o sindicato dos trabalhadores das empresas químicas da região e o Ministério Público determinou a recuperação ambiental da área onde a fábrica estava instalada, o monitoramento da saúde das pessoas que trabalhavam na unidade e o pagamento do tratamento.

Na tarde de hoje (11) ocorreu uma audiência pública entre representantes da ACPO e do Ministério Público, em Santos. O MPT pretende apurar se há registros de novas contaminações na fábrica desativada e deve requisitar mais documentos à empresa e à associação para apurar a denúncia. Representantes da Rhodia não foram chamados a participar da audiência, informou a empresa à Agência Brasil.

Atualmente, a Rhodia tem cinco fábricas no Estado de São Paulo: duas delas instaladas em Santo André, além de São Bernardo do Campo, Paulínia e Jacareí.

Procurada pela reportagem, a Rhodia respondeu que é obrigada a cumprir o TAC e que o está seguindo rigorosamente. A empresa também declarou que não foi comunicada sobre a audiência, que ocorreu hoje em Santos.

“A Rhodia informa que as operações de manutenção, de desmonte de partes da unidade e as obras de recuperação ambiental da unidade química de Cubatão, desativada desde 1993, são realizadas de forma segura tanto para as equipes profissionais diretas e das empresas especializadas contratadas, como para o meio ambiente”, declarou em nota.

A empresa também negou ter informação oficial sobre caso de ex-funcionários de empreiteiras terceirizadas que estariam afastados por problemas de saúde relacionados a uma eventual exposição a substâncias químicas em Cubatão. A Agência Brasil também tentou contato com a associação, mas até a publicação da matéria não obteve sucesso.