MPT pretende investigar denúncia de contaminação de trabalhadores em fábrica desativada da Rhodia
Funcionários terceirizados que trabalham na desativação de uma antiga unidade da Rhodia, em Cubatão (SP), alegam que foram contaminados com um pesticida chamado hexaclorobenzeno. Eles procuraram a ajuda da Associação de Combate aos Poluentes (ACPO), uma entidade sem fins lucrativos que atua na proteção do meio ambiente e da saúde pública, que levou a denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
Segundo a associação, os problemas de saúde começaram a ser constatados em 1978, quando trabalhadores da unidade da Rhodia em Cubatão, que trabalhavam com um composto conhecido como Pó da China, começaram a apresentar tumores pelo corpo. Em 1979, a unidade de produção foi desativada. Em 1992, ocorreu uma nova denúncia de contaminação: operários da fábrica de solventes clorados, em Cubatão, descobriram que também estavam intoxicados por poluentes da Rhodia, o que foi comprovado por exames sanguíneos que atestaram a presença de hexaclorobenzeno.
A fábrica foi interditada em 1993 e, desde então, nunca mais voltou a funcionar. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, os funcionários da unidade que fizeram exames que comprovaram “quadro suspeito” para contaminação passaram a receber uma licença remunerada.
Em 1995, um TAC (termo de ajustamento de conduta) assinado entre a empresa, o sindicato dos trabalhadores das empresas químicas da região e o Ministério Público determinou a recuperação ambiental da área onde a fábrica estava instalada, o monitoramento da saúde das pessoas que trabalhavam na unidade e o pagamento do tratamento.
Na tarde de hoje (11) ocorreu uma audiência pública entre representantes da ACPO e do Ministério Público, em Santos. O MPT pretende apurar se há registros de novas contaminações na fábrica desativada e deve requisitar mais documentos à empresa e à associação para apurar a denúncia. Representantes da Rhodia não foram chamados a participar da audiência, informou a empresa à Agência Brasil.
Atualmente, a Rhodia tem cinco fábricas no Estado de São Paulo: duas delas instaladas em Santo André, além de São Bernardo do Campo, Paulínia e Jacareí.
Procurada pela reportagem, a Rhodia respondeu que é obrigada a cumprir o TAC e que o está seguindo rigorosamente. A empresa também declarou que não foi comunicada sobre a audiência, que ocorreu hoje em Santos.
“A Rhodia informa que as operações de manutenção, de desmonte de partes da unidade e as obras de recuperação ambiental da unidade química de Cubatão, desativada desde 1993, são realizadas de forma segura tanto para as equipes profissionais diretas e das empresas especializadas contratadas, como para o meio ambiente”, declarou em nota.
A empresa também negou ter informação oficial sobre caso de ex-funcionários de empreiteiras terceirizadas que estariam afastados por problemas de saúde relacionados a uma eventual exposição a substâncias químicas em Cubatão. A Agência Brasil também tentou contato com a associação, mas até a publicação da matéria não obteve sucesso.
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