Preso que denunciou acusado de matar Eliza Samudio diz ter fugido por medo de ameaças
O detento Jaílson Alves de Oliveira, autor de denúncia sobre suposto plano para matar pessoas ligadas ao caso Eliza Samudio, afirmou nesta terça-feira (25), na Vara de Execuções Criminais de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), que havia fugido do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) São Cristóvão por causa de ameaças que teria sofrido de um policial civil.
A fuga da unidade prisional, localizada em Belo Horizonte, foi no último dia 17 de julho, sendo que ele foi recapturado no dia seguinte em Ganhães (247 km da capital mineira). Oliveira foi intimado pelo juiz Wagner Cavalieri a dar explicações sobre a fuga.
O preso havia declarado que o suposto plano para eliminar, entre outras pessoas, a juíza que cuidou da instrução do processo sobre o sumiço da moça, foi contado a ele pelo ex-policial Marcos Aparecidos dos Santos, o Bola, acusado de ser o executor de Eliza Samudio. No entanto, a Polícia Civil não comprovou a existência da trama.
De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TG-MG), no depoimento de Oliveira consta que o policial civil, que não teve o nome divulgado, teria feito as ameaças a ele para beneficiar Bola e teria dado três opções a Oliveira antes da fuga do Ceresp. Segundo o detento, o policial deu a ele a possibilidade da retirarada das acusações feitas contra Bola ou, caso contrário, ele deveria fugir. Se ficasse no Ceresp sem se retratar, Oliveira disse ter ouvido que seria assassinado.
No entanto, conforme o magistrado, as acusações de Oliveira serão checadas por haver a suspeita de ele ter tentado encobrir uma falta considerada grave (fuga), que poderá impactar na sua pena que já cumpre, com a versão das ameaças que teria sofrido.
Corregedoria
O juiz encaminhou uma cópia do depoimento à Corregedoria da Polícia Civil mineira e ao Ministério Público (MP). A assessoria da polícia informou que o órgão ainda não recebeu o documento. Quando estiver em posse dele, a corregedoria poderá abrir dois inquéritos (criminal e disciplinar-administrativo) para investigar as denúncias feitas pelo detento, de acordo com o setor.
Após esse trâmite, o juiz vai abrir prazo para a defesa de Oliveira se manifestar e, em seguida, deverá decidir sobre o caso. Atualmente, Oliveira está confinado na penitenciária de segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Plano
De acordo com o preso, o suposto esquema foi revelado a ele por Bola na época em que os dois ocuparam o mesmo pavilhão na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, situada em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
A polícia abriu inquérito para investigar o caso, mas todos os envolvidos, incluindo Bola, o goleiro Bruno Souza e Luiz Henrique Romão, o Macarrão, negaram participação.
As hipotéticas vítimas seriam a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, que pronunciou o goleiro e mais sete réus a júri popular pelo sumiço de Eliza; o delegado Edson Moreira, responsável pela investigação do caso; o deputado estadual Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais; além dos advogados José Arteiro Cavalcante, assistente de acusação, e Ércio Quaresma, atualmente um dos integrantes da defesa de Bola.
Os mentores seriam o ex-policial e o goleiro Bruno, que teriam tentado contratar o traficante Nem da Rocinha, do Rio de Janeiro, preso atualmente em presídio de segurança máxima federal. A intermediação seria tocada pela noiva do goleiro, a dentista carioca Ingrid Oliveira, que negou o caso.
“Caiu no vazio”
Após ouvir, em abril deste ano, o depoimento de José Cavalcante, o delegado Wilson Luiz de Oliveira havia afirmado que o suposto plano “caiu no vazio”. “Essa denúncia caiu no vazio. Nós entrevistamos todas as pessoas possíveis e nada foi confirmado. Ninguém foi efetivamente ameaçado. Não ficou provado nenhum crime”, explicou à época o policial.
De acordo com ele, faltava somente o depoimento da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que ainda não tinha data definida para ser feito, para a conclusão do inquérito. O delegado afirmou ter ido ao presídio federal de segurança máxima no Mato Grosso do Sul, em março passado, e colhido o depoimento do traficante Nem da Rocinha.
Nem teria declarado que nunca esteve no Estado de Minas Gerais e não conhecia o ex-policial. Sobre o goleiro, o traficante afirmou não o conhecer pessoalmente, apenas sabia que ele era jogador de futebol.
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