Defesa de Bola pede no STF acesso a documentos do caso Bruno, e júri pode ser suspenso
Um dos advogados do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, entrou nesta quarta-feira (14) com uma reclamação no STF (Supremo Tribunal Federal) alegando não ter tido acesso a depoimentos de testemunhas do processo sobre o sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno.
Além de Bola, que é apontado como o assassino da jovem, o jogador e mais três réus vão a júri popular que começa nesta segunda-feira (19), no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte (MG).
Caso o Supremo atenda ao pedido do advogado Fernando Magalhães, defensor do ex-policial, o início do julgamento em Minas Gerais poderá ser suspenso até que a defesa tenha acesso ao conteúdo. Apesar de o pedido ter sido feito apenas para um dos réus, o Supremo pode entender que o assunto afetará os demais.
De acordo com a assessoria do STF, a reclamação foi distribuída ao ministro Joaquim Barbosa, que ainda não se pronunciou sobre o caso. “Eu estou alegando um cerceio de defesa, uma violação da súmula 14 do Supremo Tribunal, que preconiza que as partes terão acesso aos autos”, afirmou Magalhães.
De acordo com ele, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do júri teria negado o acesso. O advogado afirmou que precisaria mostrar aos jurados vídeos e gravações de depoimentos de testemunhas feitas durante a instrução do processo.
“O mais importante é o depoimento e o vídeo do menor”, referindo-se a Jorge Lisboa, primo do goleiro do goleiro Bruno, e que cumpriu medida socioeducativa em Minas Gerais aplicada por um juiz da Vara da Infância e Juventude de Contagem (MG). À época do sumiço de Eliza Samudio, ele era menor de idade.
“Ele relata de forma clara que Marcos Aparecido não é o Bola a quem ele faz menção e pede desculpa a ele e fala: você não tem nada a ver com isso”, afirmou.
Lisboa deu depoimento à polícia no qual afirmou que, em junho de 2010, Eliza teria sido estrangulada e morta por Bola em sua casa, na cidade de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte. Lisboa ainda afirmou que uma das mãos de Eliza Samudio foi jogada para cães da raça rottweiler. No entanto, ele voltou atrás e, em depoimento dado à Justiça, negou a primeira versão.
Em setembro deste ano, depois de cumprir dois anos e um mês da medida socioeducativa imposta a ele, Lisboa foi incluído em programa de proteção a testemunhas do governo de Minas Gerais.
Júri popular
Apesar de apenas quatro dos oito réus terem sido pronunciados pelo homicídio de Eliza, a juíza Marixa Rodrigues afirmou que os demais praticaram crimes conexos ao homicídio, justificando a decisão de todos irem a júri popular. Bruno enfrentará o júri sob acusação de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, ex-secretário de Bruno, será julgado pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Os dois estão presos na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem.
Marcos Aparecido dos Santos vai a júri popular pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. Bola está atualmente confinado em ala destinada a ex-policiais no presídio Professor Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, também na região metropolitana da capital mineira.
Réu morto
Sérgio Rosa Salles, primo do goleiro Bruno, também seria julgado pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, mas foi assassinado em agosto deste ano no bairro Minaslândia, região norte de Belo Horizonte.
O crime, segundo a polícia, teria sido por motivos passionais. Dayanne de Souza, ex-mulher do goleiro Bruno, vai a júri popular pelos crimes de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio. Já Fernanda Castro, ex-amante do atleta, será julgada pelo sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e do filho dela. As duas respondem ao processo em liberdade.
Julgamento desmembrado
A magistrada Marixa Rodrigues determinou o desmembramento do julgamento em relação a dois réus do processo. Elenílson Vítor da Silva, ex-caseiro do sítio do jogador em Esmeraldas (MG), apontado pela polícia como local de cativeiro de Eliza antes de sua morte, ainda não tem data definida para enfrentar o júri popular. Ele será julgado pelo crime de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza.
De maneira semelhante, Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro, tem contra si a acusação pelos mesmos crimes atribuídos a Silva. Ele também será julgado em data posterior, ainda não fixada.
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