Rebeldes sírios dizem que chegaram a Aleppo após ação surpresa contra o governo

Rebeldes sírios contrários ao presidente do país, Bashar al-Assad, afirmaram nesta sexta-feira que chegaram ao coração da cidade de Aleppo, no norte do território, após uma ação surpresa em cidades controladas pelo governo, quase uma década depois de terem sido expulsos de lá.

Liderados pelo grupo militante islâmico Hayat Tahrir al-Sham, os combatentes lançaram na quarta-feira uma incursão contra dezenas de cidades e vilarejos na província de Aleppo, que era controlada pelo governo de Assad, apoiado pelo Irã e pela Rússia.

Os oposicionistas tiveram grandes progressos e, no fim desta sexta-feira, uma sala de operações da ofensiva afirmou que os rebeldes controlam vários bairros da cidade.

Assad e seus aliados Rússia, Irã e as milícias xiitas retomaram Aleppo no fim de 2016, com os insurgentes concordando em se retirar do local após meses de bombardeios e cercos em uma batalha que virou o jogo contra a oposição.

O comandante da brigada rebelde Jaish al-Izza, Mustafa Abdul Jaber, afirmou que o rápido avanço ocorreu devido ao número insuficiente de homens apoiados pelo Irã na província. Os aliados do Irã na região sofreram uma série de baixas contra Israel, à medida que a guerra na Faixa de Gaza se expandiu pelo Oriente Médio.

Fontes da oposição em contato com a inteligência turca disseram que a Turquia deu sinal verde para a ofensiva. Mas o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Turquia, Oncu Keceli, afirmou que o país quer evitar uma maior instabilidade, alertando que os recentes ataques minaram os acordos para acalmar a região.

O ataque foi o maior desde março de 2020, quando Rússia e Turquia fizeram um acordo para abrandar o conflito.

A emissora estatal de televisão da Síria negou que os rebeldes tenham chegado à cidade, e afirmou que a Rússia está providenciando apoio aéreo às forças do país.

O Exército sírio disse que segue enfrentando a ação e que havia causado grandes perdas aos insurgentes em Aleppo e Idlib.

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David Carden, vice-coordenador humanitário regional da Organização das Nações Unidas (ONU) para a crise síria, disse: "Estamos profundamente preocupados com o que está acontecendo no noroeste da Síria".

"Ataques implacáveis nos últimos três dias tiraram a vida de pelo menos 27 civis, incluindo crianças de até oito anos de idade", disse à Reuters.

A agência de notícias estatal síria, Sana, disse que quatro civis, incluindo dois estudantes, morreram nesta sexta-feira em Aleppo por causa de bombardeios insurgentes em dormitórios de estudantes universitários. Não ficou claro se eles estão contabilizados entre os 27 mortos relatados pela autoridade da ONU.

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