Promotor do caso Eliza aposta em confissão de Macarrão: "Vamos sair daqui com o caso revirado"
O promotor de justiça Henry Castro disse acreditar, durante um breve intervalo na sessão do júri do caso Eliza Samudio, nesta quarta-feira (21), em uma reviravolta no julgamento a partir do depoimento de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, ex-braço direito do ex-goleiro Bruno Fernandes.
“Com a graça de Deus vamos sair daqui de madrugada, com o caso revirado”, disse o promotor, que faz questão de ouvir o réu ainda hoje. A previsão é que o interrogatório de Macarrão comece por volta de 22h30, pois antes serão exibidos vídeos selecionados pela defesa e pela Promotoria. Assim, o depoimento do réu adentrar a madrugada.
Questionado se houve uma negociação entre a acusação e a defesa de Macarrão em torno da confissão da morte de Eliza, Castro disse que “não existe acordo”. “Não transijo com o sangue alheio”, afirmou. “Mas se ele quiser confessar, que confesse.”
Em seguida, o promotor disse que “não precisa da confissão para trabalhar.”
Advogado fala em acordo por confissão
Arteiro, por alguns minutos, durante este terceiro dia do julgamento, que ocorre em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, desde segunda-feira (19), conversou com Macarrão, no salão do júri. Nesse pouco tempo, teria firmado o acordo.
Macarrão, Bruno e mais três pessoas são acusadas do desaparecimento e morte de Eliza, que teria ocorrido em 2010. O corpo dela até hoje não foi encontrado.
Especialistas ouvidos pela reportagem do UOL, no entanto, dizem que, para ter validade, o acordo teria de ter a concordância do promotor de acusação, Henry Castro, e da juíza Marixa Fabiane Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem.
VEJA O QUE É APRESENTADO NO JULGAMENTO DOS ACUSADOS
RÉU | ACUSAÇÃO | O QUE DIZ O MP | O QUE DIZ A DEFESA |
BRUNO * | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver | Mentor e mandante da morte de Eliza, ameaçou-a de morte durante a gravidez. O goleiro determinou que Eliza fosse sequestrada e levada a sua casa, no Rio de Janeiro. Acompanhou o deslocamento de Eliza, já sequestrada e ferida na cabeça após receber coronhadas, para Minas | Nega a existência do crime. Eliza não foi morta porque não há corpo. Anteriormente, havia reconhecido a morte de Eliza, mas sem a participação, concordância ou o conhecimento do goleiro. A atribuição do crime havia sido dada a Macarrão, insinuando que o ex-braço direito nutria um “amor homossexual” pelo jogador |
MACARRÃO | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado, e ocultação de cadáver | Também ameaçou Eliza durante a gravidez e foi o responsável pelo sequestro da moça no Rio de Janeiro. Foi o motorista do carro, com Eliza e o filho, na viagem para Minas Gerais. Dirigiu o veículo que transportou a moça até a casa de Bola. Amarrou as mãos de Eliza e desferiu chutes nas pernas da moça | Não existem provas materiais do crime de homicídio. Ele declarou que, Para evitar “especulações”, não adianta detalhes da estratégia de defesa a ser adotada |
BOLA* | Responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver | Executor de Eliza, estrangulou a jovem dentro de casa, em Vespasiano. Esquartejou o corpo da mulher e atirou uma das mãos a cães rottweiler. Foi incumbido de desaparecer com o corpo | Nega as acusações e afirma que apresentará “prova cabal” aos jurados, durante o julgamento, da inocência de Bola |
DAYANNE * | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado da criança | Participou da “vigilância” feita sobre Eliza e o filho no sítio do goleiro em Esmeraldas, apontado pela polícia como o cativeiro de Eliza antes de sua morte. Sabia do plano para matar a ex-amante do jogador. Tentou desaparecer com o filho de Eliza, localizado posteriormente pela polícia em Ribeirão das Neves | Nega que Dayanne soubesse do plano para matar Eliza, ela apenas cuidou da criança depois de um pedido do ex-marido. Sobrevivência do filho de Eliza se deu graças a Dayanne |
FERNANDA | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela | Outra ex-amante de Bruno, auxiliou Macarrão a manter Eliza dentro da casa do goleiro no Rio antes da viagem para Minas. Cuidou do filho de Eliza nesse período e acompanhou Bruno e Macarrão na ida para Minas. Sabia da intenção do grupo de matar Eliza | É inocente, não sabia de nenhum plano para matar Eliza. Não presenciou um cenário que remetesse ao crime atribuído a ela. A viagem a Minas Gerais com o goleiro havia sido programada um mês antes do crime. Não notou ferimentos em Eliza |
- * Os advogados de Bola abandonaram o julgamento. Como Bola recusou a indicação de um defensor público, ele deverá ser julgado em outro momento. Bruno também adotou a mesma tática e conseguiu adiar o seu julgamento e de sua ex-mulher Dayanne
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