Com 18 praias oficiais, capital paulista já tem opção de lazer para quem não quer descer a serra

Quem está acostumado a descer a serra, seja rodovia Anchieta ou Imigrantes, e enfrentar quilômetros de congestionamento nas vésperas de feriado talvez duvide, mas é possível ir à praia sem sair da capital paulista. Desde o dia 14 de novembro de 2012, a metrópole tem 18 praias, todas na orla da represa de Guarapiranga, no extremo sul da cidade, oficializadas por um decreto do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).

Alguns desses locais já são pontos conhecidos de lazer na região, como a Praia do Sol, muito procurada por banhistas. Localizada dentro de um parque na avenida Atlântica, a praia é parada obrigatória para a dona de casa Maria de Fátima da Silva Vieira, que traz guarda-sol, esteira e uma bolsa com bebidas e lanches para passar o dia à beira d’água. Moradora de João Pessoa (PB), cidade no litoral nordestino, Maria de Fátima vem à capital paulista todo ano para visitar os filhos, e conta que também existe uma Praia do Sol paraibana. Ela faz as comparações entre as duas: "lá, a água é salgada e o mar é bravo, aqui a água é doce e rasa; a praia de lá tem areia clarinha, que 'faz barulhinho' quando a gente pisa, e a de cá é escura e em menor quantidade. Tem mais ou menos cara de praia, mas é uma área de lazer muito boa”, diz ela sobre a praia paulistana.

Enquanto a dona de casa cuidava dos netos que a acompanhavam no passeio, outro grupo aproveitava o lugar com propósitos bem diferentes. Orientadas pelo pastor José Célio Lucas, da Igreja Pentecostal Renovação Aliança com Deus, de Taboão da Serra (a 30 km de São Paulo), três pessoas foram batizadas dentro da água da praia, usando longas vestes brancas. O pastor explica que algumas igrejas usam piscinas para fazer a cerimônia, mas ele prefere ir até a represa, distante apenas meia hora de carro.

Por estar dentro de um parque, a Praia do Sol oferece pista de caminhada, ciclovia, quadras esportivas e brinquedos infantis --o horário de funcionamento é das 7h às 19h. O acesso é gratuito e o estacionamento não é cobrado, mas os flanelinhas estão por lá.

Embora Guarapiranga já seja muito procurada pelo lazer, em especial por quem pode frequentar os clubes e restaurantes em seu entorno, há espaço para ampliar a ocupação turística na região. A oficialização das 18 praias e a entrega de cinco parques na orla fazem parte do plano do governo municipal nesse sentido. Somente a Praia do Sol e a Guarujapiranga (ambas na jurisdição da subprefeitura da Capela do Socorro) recebem 10 mil pessoas por dia no verão, segundo a prefeitura, mas estão entre as poucas áreas que podem ser aproveitadas por banhistas no perímetro de 85 quilômetros da represa. Muitas das "novas" praias são usadas por pescadores e praticantes de esportes náuticos, já que não têm infraestrutura de balneário.

Habituadas a frequentar parques em outras regiões de São Paulo, as irmãs Talita e Thaís Nogueira, 26, saíram do bairro Campo Limpo e levaram meia hora de carro para chegar à Praia do Sol. “Não tem muita opção na zona sul [onde elas moram], então fica bem legal um parque aqui”, diz Talita. Apesar de não haver placas confirmando se a praia é adequada para banho, Thaís deixou que o filho Carlos Eduardo, 2, entrasse na água. O Corpo de Bombeiros mantém uma equipe e um bote de salvamento no local, o que dá segurança para quem está com crianças, mas para Thaís o cuidado com a manutenção deixa a desejar. “O mato poderia estar aparado e poderiam ter tirado as plantas da beira da água. Também achei estranho que só tem um banheiro, e achei pequeno.”

Na parte de serviços, pelos menos na Praia do Sol, o visitante não fica na mão. É possível comprar água (R$ 2,50/garrafa), refrigerante (R$ 3,50/lata) e cerveja (R$ 3 a R$ 5), além de porções de aperitivos (a de camarão sai por R$ 40) e espetinhos (R$ 3,50 a R$ 5). Nos fins de semana da temporada de verão, a Guarda Civil Municipal faz o patrulhamento a pé ou monta uma base móvel no local.