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Empresário é preso acusado de ser o maior cliente de rede de exploração de menores de idade em Porto Velho

Assem Neto

Do UOL, em Porto Velho

27/02/2013 17h48

O empresário José Edmar de Souza foi preso na sua casa, na madrugada desta quarta-feira (27), em Porto Velho, acusado de estupro a vulneráveis. Dono de um grande supermercado, ele é apontado pelo MPE (Ministério Público Estadual) como principal cliente de uma rede de exploração a menores na cidade.

A prisão fez parte da Operação Lâmia, que envolveu 40 policiais civis, e também prendeu duas agenciadoras: Débora Francisca Lopes, 20, e Michelle Araújo Silva, 22. 

O empresário, preso preventivamente, também foi enquadrado por porte ilegal de arma. Duas pistolas ponto 40 e dois revólveres calibre 38 foram encontrados pela polícia num dos cômodos da casa. Seis menores serão ouvidas em 48 horas.

O procurador-geral de Justiça de Rondônia, Hewerton Aguiar, disse que as investigações iniciaram há 6 meses. "Pelo menos 20 outros exploradores podem ser presos nos próximos dias. Sobre o empresário José Edmar, trata-se de um cliente contumaz", afirmou.

As vítimas do esquema têm idade mínima de 13 e máxima de 16 anos, todas pobres e vivendo nas periferias da capital, segundo apurou o MPE. Malotes com documentos foram apreendidos e são periciados. Computadores, apreendidos na casa dos acusados, também serão examinados.

A rede atuava somente em Porto Velho e cada programa contratado por José Edmar custava de R$ 50 a R$ 150. O secretário Marcelo Bessa (Defesa e Segurança Pública) disse que outros empresários são investigados.

"Não nos importa a que classe pertencem. Serão pegos, certamente, se as provas que buscamos forem encontradas", disse.

Os acusados podem ser condenados a 15 anos em regime fechado. Lâmia, que dá nome à operação, foi uma rainha que, segundo a Mitologia Grega, tornou-se um monstro devorador de crianças.

Outro lado

Rosalina Francisco, mãe de Débora Francisca Lopes, disse que a filha estava dormindo com o filho menor quando foi surpreendida pela polícia. Chorando, ela afirmou não saber do envolvimento da filha com "esse tipo de coisa". "Minha filha tem horror à pedofilia e, como consultora de uma marca de comésticos, tem se dedicado à família e ao trabalho". Ela ainda busca advogado.

A reportagem não localizou o advogado ou familiares de Michelle.

Na empresa dele, a encarregada disse não ter autorização para informar o contato da família e do advogado. Filhos e esposa não apareceram no supermercado hoje. Na casa da família, também ninguém foi localizado.