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Pelo menos 40 empresas integrariam esquema de sonegação na região Sudeste, diz a polícia

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

28/02/2013 19h12

A operação que prendeu vinte e cinco pessoas acusadas de integrar uma quadrilha que sonegava impostos, na manhã de hoje (28),  identificou pelo menos 40 empresas que se beneficiavam do esquema em toda a região Sudeste. A quadrilha tinha núcleos no Rio de Janeiro, onde ficava o braço operacional do esquema, responsável por recrutar laranjas e montar empresas fantasmas, em Minas Gerais, onde estavam os mentores, São Paulo e no Espírito Santo.

Segundo o subsecretário adjunto da Receita do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Silvério, o esquema se beneficiava de informações privilegiadas obtidas com dois funcionários da Secretaria estadual da Fazenda, que estão presos.

“Em dois anos, a quadrilha movimentou R$ 1,1 bilhão em mercadorias e gerou um débito de impostos aos cofres públicos de cerca de R$ 80 milhões, só no Estado do Rio. O imposto devido será cobrado dos responsáveis e a fraude eleva o valor que eles devem. A multa tributária é de 120% em cima do que é devido”, disse Silvério.

Na manhã de hoje, 25 pessoas foram presas, entre elas um empresário, que foi detido em um condomínio de luxo da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Vinte e oito mandados de prisão foram executados em toda a região Sudeste.

A Polícia Civil ouviu todos os presos e informou que os responsáveis responderão também criminalmente, por sonegação, corrupção, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

“Todos os presos estão detidos temporariamente por cinco dias. Essa quadrilha era especializada em fraudar o ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias]. Elas usavam empresas fantasmas em nomes de laranjas para fazer o movimento tributário e absorver os impostos reais, gerando menos tributos para elas. Os impostos sempre recaíam sobre essas empresas falsas, que depois eram fechadas pelo fisco. Era uma sofisticação criminosa”, disse a delegada Izabela Santoni, da Delfaz (Delegacia Fazendária).

As empresas identificadas no Rio de Janeiro ficavam na zona norte da capital, na Baixada Fluminense e região dos Lagos. Em São Paulo, uma estava na capital e outra em Santa Bárbara d'Oeste (135 km de São Paulo), em Minas Gerais, todas em Belo Horizonte, e as demais em Vitória, no Espírito Santo.

A investigação, que durou dois anos, começou durante uma operação de rotina do Fisco de Minas Gerais em uma estrada do Estado. Um agente do órgão parou um caminhão que havia saído do Rio de Janeiro com uma nota fiscal de entrega em Espírito Santo e achou estranho ele estar fora da rota. Desconfiado, mandou uma cópia dessa nota para a Delegacia, que começou toda a investigação.