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Jornaleiros dizem ser alvo de mulheres assaltantes em bairro nobre do Rio

Carolina Farias

Do UOL, no Rio de Janeiro

11/03/2013 15h30

Proprietários e funcionários de bancas de jornal no Leblon, bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro, estão assustados com a ação de assaltantes mulheres na área. Ao menos uma das criminosas que agiu na região pode ser estrangeira, já que tem sotaque espanhol. As vítimas fizeram retratos-falados na 14ª DP (Leblon), mas dizem que nunca foram chamadas à delegacia para reconhecimento de suspeitas.

Adriana Souza, 45, é dona de uma banca na rua Humberto de Campos, esquina com a avenida Bartolomeu Mitre, ponto movimentado do bairro. Ela abriu o negócio há oito meses e pensa em fechar após o assalto que sofreu, pouco depois do Carnaval. Ela perdeu R$ 1.700 para a assaltante, que tinha feições latinas, segundo a vítima.

“Ela tinha um rosto meio indígena, parecia boliviana, e com sotaque espanhol. Entrou na banca e ficou olhando revistas, enquanto um rapaz comprou cigarros com uma nota de R$ 50. Eu abri a bolsa, e foi aí que ela viu o dinheiro”, afirmou a comerciante. “Depois que ele, saiu ela me encurralou no balcão e pediu o dinheiro.”

Além do assalto, a banca de Adriana também já teve demonstradores e cadeados furtados. Ela não quer mais ter banca na região. “Aqui não tem polícia, guarda municipal, nada. Eu não quero mais, vou anunciar o ponto”, disse a dona da banca. Ela relatou que outra banca de jornal na região, no condomínio Selva de Pedra, também foi assaltada por uma mulher com sotaque estrangeiro.

A poucos metros da banca, na Bartolomeu Mitre, outra Adriana também sofreu um tipo parecido de assalto. Funcionária da banca de jornais em frente ao famoso bar Chico e Alaíde, local de grande movimento na hora do almoço, Adriana Lima disse que o crime aconteceu em janeiro. Duas mulheres praticaram o roubo.

“Era um pouco depois do almoço. Uma chegou e ficou olhando a banca e depois apontou para umas revistas que ficam em cima do caixa. Enquanto isso, a outra entrou e ficou falando de outra revista tentando me entreter”, afirmou a funcionária da banca, que teve cerca de R$ 700 roubados. “Foi aí que uma delas me mostrou a cintura, como se tivesse uma arma.”

Segundo ela, a segurança da área é feita por vigias contratados por comerciantes da rua. Ela também se queixa da falta de policiamento. “A insegurança é do bairro, a segurança é feita pelo comércio. Estou cansada de ver assalto por aqui”, disse Adriana.

Ela também fez boletim de ocorrência com retrato-falado na 14ª DP, mas não soube como foram feitas as investigações. Adriana disse que as mulheres se vestiam normalmente e não aparentavam ser estrangeiras.

Gilson Oliveira trabalha em uma operadora de telefonia celular e percorre todas as bancas da região para repor cartões para planos pré-pagos. Ele diz que, no último ano, ao menos dez bancas de jornal já foram assaltadas. “Foram os proprietários que me falaram. Geralmente, assaltam as mulheres que estão nas bancas”, disse Oliveira.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da PM informou que segundo o comando do 23º BPM (Batalhão da Polícia Militar), não há registro de aumento nessa modalidade de crime. A corporação informou que vai fazer o levantamento dessas informações, que devem auxiliar novas estratégias de policiamento. O comando vai ampliar o policiamento bancário do bairro para atender também aos jornaleiros, informou a nota.

A reportagem procurou a Polícia Civil, que até as 15h não havia respondido sobre as investigações dos assaltos.