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Após proibição, motoristas de vans da Rocinha paralisam circulação no Rio

Paula Bianca Bianchi

Do UOL, no Rio

15/04/2013 10h21Atualizada em 15/04/2013 10h36

O presidente do Sindvans Rio, sindicato que reúne as categorias de motoristas de vans autônomos, de fretamento e de transporte comunitário, Adilson Honório da Silva, afirmou nesta segunda-feira (15) que os motoristas das 30 vans que circulam na Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro, decidiram parar nesta manhã, em protesto à proibição da prefeitura do tráfego de vans em 11 bairros da zona sul da cidade --Botafogo, Humaitá, Urca, Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea e São Conrado. A medida entrou em vigor nesta segunda.

De acordo com o decreto do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), vans autorizadas podem circular apenas nas comunidades do Vidigal e da Rocinha. Com a paralisação na Rocinha, os moradores sentiram os efeitos da falta de transporte. "Estou sentindo muito falta. Não tem van, não tem nada. Já passaram vários ônibus e não pararam", afirmou a babá Rosemary Peçanha, que precisava ir para a Gávea.

A estudante Jessica Almeida, 17, também reclamou da ausência do transporte alternativo: "Os ônibus estão todos cheios, está muito difícil de entrar. Tenho medo de me atrasar para a aula."

A prefeitura começou durante a madrugada uma força-tarefa com 24 pontos de bloqueio e interceptação para evitar que vans e Kombis trafeguem na zona sul. Nenhuma van tentou furar o bloqueio que impede a circulação do transporte alternativo na zona sul do Rio. "Por enquanto está tranquilo. Estamos mantendo uma estrutura de pontos de bloqueio. Quem descumprir o decreto será multado e terá o veículo apreendido", explicou o delegado Cláudio Ferraz, responsável pela operação.

Ao todo, 300 pessoas da Guarda Municipal, Polícia Militar, CET-Rio e Secretaria Municipal de Transportes participam da operação. Além dos 24 bloqueios, onde os agentes vão orientar os motoristas a retornar e cumprir um trajeto a ser determinado, o grupo vai circular em vários pontos da região para apreender veículos e multar condutores. Cerca de 50 veículos de reboque vão acompanhar a operação. Devido aos bloqueios de fiscalização da prefeitura, o trânsito ficou complicado no Aterro do Flamengo, na zona sul, e na autoestrada Lagoa-Barra, que  liga a Barra da Tijuca, na zona oeste, à zona sul da cidade.

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) diz que a medida será estendida para o centro da cidade. O sindicato que representa a categoria estima que 100 mil usuários serão afetados pela mudança.

O decreto, publicado na última quinta-feira (11) no "Diário Oficial do Município", ocorreu pouco menos de duas semanas após uma turista americana ser estuprada dentro de uma van de transporte coletivo no fim do mês passado. Entre os suspeitos de ter praticado o crime estão o motorista e o cobrador do veículo. Ele teriam pedido que todos os passageiros descessem, com exceção da jovem e seu namorado, que foi agredido.

O prefeito afirma, no entanto, que a medida já havia sido anunciada no final de 2012, com previsão para ser colocada em prática em abril deste ano, e que o objetivo do decreto é reordenar o trânsito nos bairros onde as vans circulavam. Por conta da mudança, agentes de trânsito farão operações especiais na região para orientar o trânsito e impedir a circulação desses veículos.