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Falha em Angra 1 não representa risco de acidente nuclear, diz especialista

Esse é o segundo desligamento por conta de um problema eletrônico de Angra 1 nesta semana - Divulgação/Eletrobras Eletronuclear
Esse é o segundo desligamento por conta de um problema eletrônico de Angra 1 nesta semana Imagem: Divulgação/Eletrobras Eletronuclear

Do UOL, no Rio

19/04/2013 13h12

A falha eletrônica que resultou no desligamento automático da usina Angra 1, na quinta-feira (18), não representa risco em relação à possibilidade de um acidente nuclear, segundo o diretor da Aben (Associação Brasileira de Energia Nuclear), Edson Kuramoto.

O evento ocorreu no sistema de instrumentação e controle da unidade, que gera cerca de 640 megawatts (MW) para o SIN (Sistema Interligado Nacional). Enquanto a usina estiver desligada, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) utiliza reservas para abastecer o sistema.

"(...) esse evento de Angra 1, que chamamos de desvio operacional, mostra que o sistema [de proteção] está funcionando corretamente. Está tudo dentro do controle. Ruim seria se o sistema de proteção da usina não tivesse funcionado a contento", explicou.

"As usinas nucleares possuem um sistema que monitora parâmetros e valores. O monitoramento contínuo representa o comportamento do reator e da usina como um todo. Quando esses parâmetros e valores fogem da normalidade e dos limites estabelecidos, o sistema de proteção do reator atua desligando a usina", afirmou o especialista.

Segundo a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, não há previsão de retorno da operação da usina. A empresa afirmou ainda que "o evento não representou risco à segurança de Angra 1, aos trabalhadores da empresa, à população ou ao meio ambiente".

"A causa e a raiz do desvio operacional vão indicar o tempo que será necessário para retomar a operação. Se o problema exigir troca de equipamentos, por exemplo, pode ser que o processo seja mais longo. Mas se for uma simples questão de ajuste de parâmetros, a operação é retomada imediatamente", explicou o diretor da Aben.

"Uma usina nuclear não é igual a um carro, que você identifica o problema na bateria, por exemplo. O sistema de uma usina é muito mais complexo. São centenas de equipamentos. Cada um com o seu grau de complexidade", disse.

Segundo a assessoria do ONS, o sistema trabalha com reservas disponíveis para eventos como o que ocorreu e, caso o desligamento persista por muito dias, há reprogramação das térmicas e aumento de geração em outras unidades. O ONS descarta ainda o risco de desabastecimento por conta do problema.

Angra 1 sai do sistema em um momento que os reservatórios das hidrelétricas dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Norte estão se recuperando, enquanto o subsistema Nordeste ainda sente o peso da pior seca na região nos últimos 50 anos.

Histórico

Esse é o segundo desligamento por conta de um problema eletrônico de Angra 1 nesta semana. Na segunda-feira, a usina foi desligada automaticamente durante a execução de um teste de rotina e voltou a operar no dia seguinte. Já Angra 2 ficou um dia parada em março por conta de um problema no sistema de alimentação de água.

Em janeiro, Angra 1 teve uma parada programada para troca de combustível. Já Angra 2 tem sua parada programada para maio. Esses desligamentos ocorrem em intervalos de 12 a 14 meses e fazem parte da rotina das geradoras, segundo a assessoria da Eletronuclear.

As usinas de Angra 1 e Angra 2 têm potência total de 1990 MW. A geração nuclear das duas usinas corresponde a 3% da eletricidade produzida no país e o equivalente a um terço do consumo do Estado do Rio de Janeiro. No ano passado, Angra 1 e Angra 2 geraram juntas 16 milhões de MWh. (Com Valor Econômico)