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Jovem sem antecedentes criminais é morto com tiro na cabeça disparado por PM em Matão (SP)

José Bonato

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

02/05/2013 12h47

O policial militar André Luís Bento da Silva, 30, foi preso em flagrante nessa quarta-feira (1º) acusado de ter assassinado um jovem de 25 anos com um tiro à queima-roupa em Matão (305 km de São Paulo).

O soldador Daniel da Silva França ia até a casa da sogra, na Vila Burnardi, na companhia da mulher, Franciele, 25, grávida de dois meses, numa moto Falcon 250 cilindradas.

Durante a abordagem, houve um disparo acidental de arma, e o condutor da motocicleta foi atingido, socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu

Segundo o irmão dele, Tomaz da Silva França, 32, durante o trajeto, dois policiais da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) fizeram sinal para ele encostar o veículo. “Meu irmão parou, a esposa desceu e, do nada, um dos policiais atirou na cabeça dele. Meu irmão nem sequer falou com o PM e foi morto.”

Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou nesta quinta-feira (2) que o tiro foi “acidental”. Ainda segundo a nota, a vítima teria fugido de uma abordagem e foi parada pouco depois.

“Durante a abordagem, houve um disparo acidental de arma, e o condutor da motocicleta foi atingido, socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu”, informou a Polícia Militar. O irmão do morto dá outra versão.

Segundo ele, o policial que fez o disparo trocou de moto com o colega PM e fugiu da cena do crime. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi chamado pela mulher do rapaz. O soldador foi levado ao pronto-socorro e morreu pouco depois.

Absurdo o que aconteceu. Meu irmão era um ótimo pai de família e não tem antecedentes criminais. Esse policial é um despreparado

A família vai processar o Estado. “Absurdo o que aconteceu. Meu irmão era um ótimo pai de família e não tem antecedentes criminais. Esse policial é um despreparado”, afirmou o irmão mais velho da vítima.

Contrato de experiência

O soldador trabalhava na empresa Agromatão. O contrato de experiência dele terminou ontem, no dia em que foi morto. Ele ia ser contratado por ser funcionário “exemplar e uma pessoa do bem”, segundo uma funcionária que não quis ser identificada.

O soldador foi convidado pela empresa para participar ontem da Agrishow, feira de máquinas em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), mas não aceitou porque tinha compromissos familiares. Os funcionários da empresa estão trabalhando na feira e ficaram abalados com a notícia do assassinato.

O soldador deixa a mulher, a filha, Sofia, de quatro anos, dois irmãos e a mãe, que está em viagem no Piauí. O corpo será enterrado nesta sexta (3) de manhã em Matão. A Polícia Civil abriu inquérito contra o PM por homicídio culposo. A Polícia Militar informou que “todas as circunstâncias em que se deram os fatos serão apuradas”.