Arma usada para matar casal em prédio de luxo tinha registro vencido, diz delegado
O delegado Andreas Schiffmann, responsável pelas investigações da morte do casal Fábio de Rezende Rubim, 40, e Miriam Cecília Amstalden Baida, 37, mortos pelo vizinho, o empresário Vicente D'alessio, 63, em Santana de Parnaíba (Grande SP), afirmou que a arma usada no crime estava com o registro vencido.
Segundo Schiffmann, titular do setor de homicídios da Delegacia Seccional de Santana de Parnaíba, a arma utilizada foi um revólver calibre 38 “relativamente novo”. “A arma tinha um registro que estava vencido, mas não sabemos quando o registro venceu porque essas informações estão em um banco de dados da Polícia Federal (PF) no qual temos acesso a poucas informações”, disse.
O delegado afirmou que o empresário não tinha porte de arma e, mesmo que tivesse, não poderia sair de casa com o revólver.
O crime aconteceu por volta de 21h desta quinta-feira (23), no condomínio residencial Bosque de Tamboré, na rua Marcos Penteado de Ulhôa Rodrigues. O empresário decidiu matar o casal logo após reclamar com a mulher do barulho que vinha do apartamento de cima, onde morava o casal e a filha de um ano e meio.
Casal se mudaria em um mês
Fábio Rubim era gerente de tesouraria da Dupont, além de ser subsíndico do prédio, e Miriam Baida era dentista e completaria 38 anos nesta sexta-feira. Segundo familiares, o casal se mudaria para Valinhos (85 km de São Paulo) em no máximo um mês em busca de qualidade de vida.
Eles estão sendo velados na capela Nossa Senhora de Lourdes, em Indaiatuba (98 km de São Paulo), onde casaram e batizaram a filha. "Não é um sentimento de revolta. É um inconformismo, uma desolação. Ninguém esperava uma tragédia dessas", disse no velório o jornalista e porta-voz da família Celso Ming, tio de Fábio.
Vários tiros
Segundo as investigações, o empresário subiu ao apartamento do casal e fez seis disparos no total. Três perfuraram a porta que isola a sala e o corredor que dá acesso aos quartos e atingiram Fábio. “Ele tentou fechar a porta para se proteger”, afirmou o delegado.
O corpo de Rubim foi encontrado apoiado na porta do corredor, com ferimentos no tórax. Já Baida foi morta em um dos quartos e tinha marcas de bala nas costas. A filha do casal foi poupada pelo criminoso.
Depois de matá-los, D’alessio voltou até seu apartamento, recarregou a arma e se matou dentro do elevador. Antes, teria dito à mulher que “agora era com ela”.
Não havia sinais de arrombamento na porta de entrada do apartamento do casal e nem de luta corporal entre eles e D’alessio.
Barulho motivou crime
Em depoimento da manhã desta sexta, a mulher de D'Alessio disse que o marido chegou em casa por volta das 20h e estava assistindo televisão quando se irritou com o barulho no 12º andar.
De acordo com ela, o empresário gritou com os vizinhos da sacada e, então, decidiu pegar a arma e subir até o apartamento do casal. Ela afirmou que tentou impedi-lo de sair com a arma, mas não conseguiu.
Homem disse que resolveria problema do barulho "de uma vez"
Segundo o delegado, a reclamação de D'alessio sobre o barulho no apartamento de cima era recorrente. “Os barulhos que o incomodavam eram aparentemente de um salto de madeira, mas não de alguém que estava andando, e sim batendo a madeira no chão.”
O casal também teria feito reclamações de barulho no apartamento de D’alessio. Schiffmann afirmou que não havia registro de ocorrências policiais sobre os desentendimento entre os vizinhos.
O empresário tinha uma síndrome chamada Guillain-Barré, que provoca fraqueza e flacidez nos músculos, entre outros sintomas. Por conta da doença, D’alessio chegou a ficar internado por cinco meses no ano passado.
Ainda de acordo com o delegado, a mulher do empresário disse que ele se medicava regularmente e teria ficado “mais irritado do que o normal” por conta da doença. “Mas ela narra que ele não tinha comportamento agressivo e se dava bem com os funcionários.”
“Caso esclarecido”
A arma do crime foi encontrada junto ao corpo do atirador. O apartamento está preservado para as investigações. A Secretaria de Segurança Pública informou que o caso foi registrado como duplo homicídio qualificado e suicídio consumado.
Schiffmann considera o caso esclarecido e disse que o próximo passo da investigação é formalizar o que foi apurado e encaminhar o inquérito ao Ministério Público.
Os policiais acionaram o Conselho Tutelar para cuidar da filha do casal. Em seguida, a menina foi deixada com os avós paternos. O casal deverá ser sepultado em Campinas (93 km de São Paulo). (Com reportagem de Fabiana Marchezi, em Indaiatuba, e Estadão Conteúdo)
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