Lula culpa ausência de Tarcísio e Nunes ao não assinar contrato para metrô
O presidente Lula (PT) se recusou a assinar contrato relativo a obra de expansão do metrô de São Paulo porque o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito, Ricardo Nunes (MDB), não participaram do evento marcado para hoje.
O que aconteceu
A decisão de Lula e a ausência da dupla ocorrem num contexto de aproximação da campanha eleitoral. O governador apoia a tentativa de reeleição de Nunes. O presidente é aliado do deputado e pré-candidato à prefeitura Guilherme Boulos (PSOL). A cerimônia de hoje foi realizada no Jardim Ângela, bairro da zona Sul de São Paulo.
O adiamento ganha mais cara de disputa política porque, na semana passada, Tarcísio e Nunes fizeram um evento para lançar a obra. Na ocasião, Tarcísio assinou o contrato. A obra será executada pelo Grupo CCR.
Lula não especificou a que contrato se referia. O ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou no evento que o governo financiaria R$ 1,7 bilhão da obra via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). "A gente aqui hoje ia assinar o contrato da estação do metrô para chegar até aqui. Mas o prefeito, que nos deu o terreno, não veio, e o governador. A Caixa Econômica Federal e o ministro das Cidades resolveram não assinar porque é importante fazer isso junto com o governador e o prefeito", disse o presidente no Jardim Ângela.
O governo de SP alega que a obra é estadual e que a execução independe de recursos federais. Por isso, não haveria contrato a ser assinado. Apesar disso, a Secretaria de Parcerias e Investimentos do Estado informou que a gestão estadual pediu empréstimo de R$ 1,7 bilhão ao governo federal via PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para fazer a extensão da linha 5 do metrô até o Jardim Ângela. O valor, no entanto, ainda não foi liberado.
A secretaria destacou que, se não houver recurso federal, vai bancar a obra com outras fontes de financiamento . A expansão da linha 5-Lilás até o Jardim Ângela vai custar R$ 3,4 bilhões. O UOL procurou o Ministério das Cidades e a Secretaria de Comunicação do governo federal para comentar e aguarda retorno.
Lula também sugeriu que Tarcísio e Nunes não compareceram por serem adversários políticos dele. "Quando a gente quer fazer investimento, a gente não se preocupa de que partido é o governador. A gente se preocupa se o povo daquele estado, daquela cidade precisa das coisas que a gente faça", afirmou.
O governador criticou o presidente em conversas com aliados, apurou o UOL. Tarcísio afirmou que o governo federal está "perdido" e mostra desconhecimento sobre a obra no Jardim Ângela.
Governador e prefeito foram convidados a participar do evento no Jardim Ângela. Nunes disse que não iria por ser um ato político. Em nota, a Secretaria de Comunicação afirmou que o governador não compareceu porque está em "roadshow na Europa e só retorna ao Brasil na próxima quarta, dia 3 de julho". Nunes não se posicionou sobre as declarações de Lula.
Mais cedo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) criticou o ato de Tarcísio e Nunes no último dia 21 para a mesma obra. "É fácil fazer caridade com o chapéu dos outros, inaugurar placa com o dinheiro dos outros. É isso que Nunes e Tarcísio estão fazendo, porque o crédito é do governo federal", disse o pré-candidato a prefeito de São Paulo.
Antes mesmo da disputa acerca da obra do metrô, o evento no Jardim Ângela já havia ganhado contornos políticos, porque Lula convidou Boulos para participar. Boulos disputará a Prefeitura de São Paulo com apoio de Lula. Nunes, que concorre à reeleição, tem apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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