Topo

Após noite de tiroteio, moradores relatam falta de luz no Complexo do Alemão

Houve reforço no policiamento nas entradas que desembocam na região da favela - Guilherme Pinto/Agência O Globo
Houve reforço no policiamento nas entradas que desembocam na região da favela Imagem: Guilherme Pinto/Agência O Globo

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

24/05/2013 12h10

O Complexo do Alemão, maior conjunto de favelas da zona norte do Rio de Janeiro, amanheceu com relatos de problemas de fornecimento de energia elétrica, nesta sexta-feira (24), horas depois de a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da região ter registrado uma troca de tiros no alto das comunidades da Grota e da Pedra do Sapo.

Parte do comércio segue fechada na Grota e na Pedra do Sapo depois de um toque de recolher imposto no dia anterior por traficantes de drogas. A CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) confirmou que os disparos foram ouvidos por moradores e policiais por volta das 20h de quinta-feira. Porém, não houve registro de confronto.

No Twitter, moradores relataram quedas de energia e interrupção do serviço em diversas áreas das comunidades. A Light  confirmou a existência de ocorrências pontuais, e disse que o fornecimento de energia está sendo normalizado em todo o Complexo do Alemão.

Já a Secretaria Estadual de Educação informou que apenas a Escola Estadual Jornalista Tim Lopes, em Ramos, segue com as aulas suspensas em razão da baixa frequência de estudantes. As outras escolas da região e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) funcionam normalmente.

Na quinta-feira, comerciantes do Complexo do Alemão e do Complexo da Penha foram obrigados a não abrir as portas. Em princípio, o fato foi atribuído a ordens do tráfico em face da morte de Anderson Simplício de Mendonça, o "Orelha", 29,  resultante de um confronto entre policiais da UPP que patrulhavam o alto do morro e traficantes, na noite de quarta-feira.

Dois homens foram detidos e encaminhados à delegacia acusados de ordenar o fechamento do comércio na favela da Nova Brasília. O policiamento no Complexo do Alemão e da Penha foi reforçado por tempo indeterminado.

Conflitos pós-UPP

O Complexo do Alemão foi ocupado pela polícia em novembro de 2010 e recebeu a primeira UPP em abril de 2012, passando por um longo período de ocupação da Força de Pacificação, articulada pelo Exército, que deixou o conjunto de favelas gradualmente até julho de 2012.

Apesar das quatro UPPs instauradas no local, o Complexo do Alemão segue sendo uma das comunidades mais conturbadas da cidade.

O primeiro caso foi no dia 23 de julho de 2012, quando a policial Fabiana Aparecida de Souza, 30, foi morta após um ataque de 12 homens armados à sede da UPP na favela de Nova Brasília, uma das comunidades que compõem o Complexo do Alemão.

No dia 20 de outubro, um tiroteio entre criminosos e policiais militares da mesma comunidade deixou uma menina de 12 anos ferida ao ser atingida por estilhaços de tiros. No dia 28 de novembro, mais uma vez o policiamento foi reforçado após intensa troca de tiros entre policiais militares e criminosos, que resultou na morte de um suspeito foi morto.

No dia 3 de maio deste ano, o policiamento voltou a ser reforçado na região depois que um tiroteio entre facções rivais assustou os moradores. No dia 25 de abril, outro tiroteio chegou a interromper o transporte no teleférico que atende à comunidade, atingido pelas balas.