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Filha de pastor preso por acusações de estupro diz que pai sofre com "armadilhas de Satanás"

Reprodução/ADUD
Imagem: Reprodução/ADUD

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

25/05/2013 19h35

A cantora gospel Nívea Silva,31, filha do pastor Marcos Pereira, preso sob acusações de estupro e homicídio, esteve neste sábado na Marcha para Jesus, no centro do Rio. Ela não cantou, e disse ter vindo prestigiar o evento. Para a cantora, as acusações contra seu pai são "armadilhas de Satanás".

"Tenho convicção que tudo isso são armadilhas das trevas, de Satanás. A mentira vai cair por terra. A Bíblia diz que 'os profetas serão perseguidos'".

Para Nívea, os acusadores mentem e diz que toda sua conduta é espelhada em seu pai, a quem tem como exemplo.

"Toda minha vida me inspirei no meu pai, e minha conduta é reta. Toda verdade será provada", disse a cantora.

O pastor Marcos Pereira disse ter sido convertido em uma pregação do pastor Silas Malafaia, um dos organizadores da Marcha para Jesus deste sábado. Malafaia disse não ser próximo do pastor e que, por ser um líder religioso, deve dar exemplo.

"Lei é lei. Se for verdade[as acusações,] ele tem de pagar", disse Malafaia.

Entenda o caso

O pastor Marcos Pereira, suspeito de abusar sexualmente de seis fiéis da igreja que comanda, a Assembleia de Deus dos Últimos Dias, cumpre prisão preventiva no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oste da capital fluminense.

Das supostas vítimas de Marcos, pelo menos três teriam sido abusadas enquanto ainda eram menores de idade. Investigado inicialmente por seis abusos, o pastor é suspeito de ter estuprado outras vinte mulheres, de acordo o inquérito conduzido pela Polícia Civil.

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Segundo o delegado responsável pelo caso, as investigações começaram há pouco mais de um ano, a partir de acusações que o coordenador da ONG AfroReggae, José Júnior, fez sobre o suposto envolvimento de Marcos Pereira com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Ao longo das investigações, a polícia descobriu que o pastor teria estuprado algumas fiéis, entre elas três menores de idade.

Ele é investigado ainda pela suposta participação em quatro homicídios, esquemas de lavagem de dinheiro e organização de orgias com menores de idade em um apartamento em Copacabana avaliado em R$ 8 milhões e registrado em nome da Assembleia de Deus dos Últimos Dias.

As pessoas eram chamadas para cultos, mas Pereira as forçava a participar da orgia para "serem purificadas", segundo o delegado. O policial disse ainda que o pastor costumava agir com violência, e que obrigava mulheres a fazer sexo com mulheres e homens a transar com homens.

Um dos assassinatos no qual Marcos Pereira estaria envolvido seria o de uma jovem que descobriu as orgias e teria tentado denunciá-lo. 

Marcos Pereira ganhou notoriedade por ajudar na reabilitação de dependentes químicos e resgatar criminosos ameaçados de morte por traficantes. Em 2004, ele negociou com detentos o fim de uma rebelião em um presídio no Rio de Janeiro.

Ele chegou a trabalhar junto com a ONG AfroReggae, que se dedica a recuperar moradores de favelas que tiveram envolvimento com o tráfico de drogas.

A parceria terminou em fevereiro de 2012, quando José Júnior, em entrevista ao jornal "Extra", acusou o pastor de ter ordenado os ataques realizados por traficantes contra policiais do Rio, em 2006 e 2010. Pereira negou as acusações e processou Júnior por calúnia e difamação, mas o processo foi extinto pela Justiça.