Homem se acorrenta para protestar contra esgoto em Barra Bonita (SP)
O eletricista Enrico Candiani ficou acorrentado, por cinco horas, na manhã de terça-feira, à porta do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Barra Bonita (267 km de São Paulo) para protestar contra o vazamento de esgoto de uma estação de tratamento da cidade que fica em frente à sua casa. Ele foi retirado depois que um chaveiro foi chamado para abrir os cadeados que ele colocou. No período, a instituição foi obrigada a interromper o atendimento ao público.
O eletricista, que se acorrentou às 6h, só saiu da porta do SAAE por volta das 11h, após receber um documento assinado pelo prefeito informando que a estação seria desativada. Um chaveiro foi chamado para soltar os cadeados, já que as chaves estavam com o amigo de Enrico.
“Já venho reclamando desde 2006. Essa estação de tratamento de esgoto no Jardim dos Ypês tem um cheiro horrível, e ninguém nunca fez nada. Eles fazem um consertozinho e já volta a vazar novamente”, conta.“Construi uma boa casa, mas em frente a um lugar como aquele, até já perdi o tesão de morar”, disse Enrico durante o protesto.
Candiani usou 17 metros de correntes e quatro cadeados para realizar o protesto. Segundo o eletricista, ele teve a ideia de se acorrentar depois de ver um filme no qual um um homem acorrentava-se à porta do cinema depois de ser proibido de assistir a uma sessão de Mazzaropi. “Os vazamentos são constantes, e o cheiro é insuportável. Como não resolvem o problema definitivamente e ficam só com soluções paliativas, resolvi protestar”, diz.
O prefeito da cidade, por sua vez, reconheceu que o problema no local é antigo e prometeu desativar o local. "A manifestação foi legítima, pacífica. E não adianta o gestor público se esconder dos problemas. A população já se cansou de promessas. O tempo passa e nada é feito. Estamos aqui para ouvir o morador e ajudar na resolução do problema dele", disse o prefeito Guilherme Belarmino (PP).
Outro lado
Luis Bernardino Lopes, encarregado do SAEE, disse que uma equipe foi mandada, ainda na tarde de ontem, para resolver o problema. Ele reconhece o problema e informa que a administração do SAAE está buscando alternativas para impedir que o esgoto se acumule no local. “Na verdade, o local [onde ocorre o vazamento de esgoto ocorre] já está saturado, não absorve mais a água”, disse.
O diretor do SAAE, João Celso,disse que a localização da estação é o maior problema. "O problema não é o funcionamento da estação. Está tudo correto. O problema é a estação estar tão próxima das casa. O cheiro forte é uma das características de qualquer local onde é tratado o esgoto. A estação é que não deveria estar ali", disse o diretor.
Ainda segundo ele, após o protesto uma equipe de trabalho foi enviada ao local e iniciou a desativação da estação de tratamento do bairro. A rede coletora será ligada diretamente ao emissário de esgoto principal do município, que é tratada em outro local, fora da cidade. Tecnicamente, é o melhor a se fazer. Agora, quanto às estações desativadas, vamos estudar juridicamente o que pode ser feito", explicou João Celso.
Já Márcia Candini dos Santos, mulher de Enrico, afirma que o trabalho de homens da prefeitura no local é comum. “Eles vem, sugam o esgoto, mas, mal eles vão embora, o esgoto continua a vazar. Espero que pelo menos agora haja uma solução e eles resolvam. Queremos melhorar nossa condição de vida”, disse.
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