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Paes demite médico que faltou a plantão de Natal no Rio; quatro são afastados

O neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves foi indiciado por omissão de socorro, estelionato e falsidade ideológica - Cezar Loureiro / Agência O Globo
O neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves foi indiciado por omissão de socorro, estelionato e falsidade ideológica Imagem: Cezar Loureiro / Agência O Globo

Do UOL, no Rio

09/07/2013 13h58

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), assinou na segunda-feira (8) a demissão do neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves, indiciado omissão de socorro, falsidade ideológica e estelionato, após faltar ao plantão do hospital Salgado Filho, no dia 25 de dezembro do ano passado, no Méier, na zona norte da cidade.

Na ocasião, Adrielly dos Santos Vieira, 10, vítima de bala perdida, teve que esperar oito horas para ser operada. A menina morreu no dia 4 de janeiro deste ano.

Segundo o decreto, publicado na edição desta terça-feira (9) do Diário Oficial do Município, Gonçalves transgrediu os artigos 167 e 168 da Lei nº 94 (que dispõe sobre direitos e deveres dos funcionários da prefeitura).

Entre as infrações estão "deixar de comparecer ao trabalho sem causas justificadas" e "valer-se do cargo ou função, para lograr proveito pessoal em detrimento da função pública".

O governo municipal determinou ainda o afastamento de outros quatro médicos do Salgado Filho. São eles o neurocirurgião Francisco Eduardo Penna Doutel de Andrade, responsável por substituir Gonçalves nos plantões anteriores, punido com 30 dias de suspensão; o clínico Conrado Norberto Weber Júnior, então diretor-geral da unidade, e o superior imediato de Gonçalves, o neurocirurgião José Renato Ludolf Paixão, ambos punidos com cinco dias de suspensão; e então chefe da equipe de plantão, o cirurgião vascular Enio Eduardo Lima Lopes, que pegou 15 dias de suspensão.

Após a espera de oito horas por falta de médico cirurgião no Salgado Filho, Adrielly, que havia sido baleada na cabeça 15 minutos após a ceia de Natal, foi encaminhada ao hospital Souza Aguiar, no centro, onde ficou internada por dez dias.

A criança estava indo em direção à mãe a fim de mostrar a boneca que havia ganhado de presente de Natal. Ela foi atingida na porta de casa. No dia 30 de dezembro do ano passado, a morte cerebral já havia sido confirmada pelos médicos.

Além do crime de omissão de socorro, Gonçalves foi indiciado por estelionato depois que a Delegacia Fazendária da Polícia Civil constatou que ele fraudava a folha de ponto para receber sem trabalhar. A investigação apontou ainda a prática dos crimes de estelionato e falsidade ideológica.

Gonçalves aguarda em liberdade o andamento do processo criminal. A reportagem do UOL não conseguiu localizar o advogado do neurocirurgião para que ele comentasse a demissão do serviço público.