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UPPs terão delegacias próprias no Rio, e sindicato reclama de preferência por policiais jovens

Segundo Beltrame, a Secretaria Estadual de Segurança Pública vai instalar delegacias próprias nas UPPs do Rio - Agência Brasil
Segundo Beltrame, a Secretaria Estadual de Segurança Pública vai instalar delegacias próprias nas UPPs do Rio Imagem: Agência Brasil

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

16/09/2013 17h43

O secretário de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou neste domingo (15) que serão criadas quatro delegacias da Polícia Civil em favelas que possuem UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) ou que estão próximas da ocupação. São elas Rocinha, na zona sul, e os complexos de Manguinhos, do Alemão e da Maré, esta última ainda sem data definida para receber uma UPP.

Em entrevista ao jornal "O Globo", Beltrame disse que as delegacias terão policiais recém-formados "sem vícios de guerra e da corrupção". A declaração repercutiu mal entre os policiais civis na ativa, que se sentiram preteridos e ofendidos, na versão do presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis do Rio), Fernando Bandeira. Ao UOL, o representante da categoria afirmou nesta segunda-feira (15) que a opinião do secretário é "ofensiva".

"É ofensivo, como se todos nós fossemos bandidos e da guerra. Têm bandidos também, assim como na PM, mas não são todos", disse.

De acordo com Beltrame, serão designadas equipes com policiais recém-formados, em especial mulheres. As áreas foram escolhidas após um estudo que considerou a quantidade de moradores e o número de ocorrências feitas nos distritos. As delegacias devem começar a ser implantadas em dezembro, quando se formarão 150 delegados e 1.200 policiais que passaram no último concurso. O número de policiais que atuarão nas novas unidades ainda não foi definido.

Bandeira afirmou que a implantação de delegacias em áreas com UPPs é uma reivindicação da entidade desde o início do processo de ocupação de comunidades. Ele elogiou a iniciativa da presença da Polícia Civil nessas favelas, porém, com a presença também de policiais experientes.

"A presença da Polícia Civil nessas comunidades vai trazer benefícios e até impedir que a PM faça 'extravagâncias'. Mas não gostamos do que ele disse sobre colocar somente recém-formados para evitar vícios. A presença dos mais antigos é necessária por causa da experiência. Temos de lembrar que os mais novos também cometem erros", afirmou.

A presença da instituição nas comunidades é uma tentativa de evitar excessos da PM, explicou Beltrame. O secretário de Segurança Pública chegou a citar o caso do pedreiro Amarildo de Souza, 43, desaparecido há dois meses na Rocinha após ser abordado por policiais militares da UPP local.

"Contudo, não é garantia de que não haverá casos como o de Amarildo. A gente quer que isso não aconteça. A gente quer que as pessoas que vivem nessas áreas se sintam valorizadas pelo estado e pelas forças de segurança. Claro que a existência de uma delegacia vai evitar que um suspeito seja levado para uma UPP. Isso não vai acontecer", disse.

Bandeira informou que o sindicato pediu uma reunião com Beltrame para que os questionamentos da categoria sejam ouvidos. A assessoria de imprensa da secretaria informou que a solicitação chegou na tarde desta segunda e foi encaminhada ao gabinete do secretário.