Renda dos mais ricos cresce acima da média e explica desigualdade, diz Ipea
O crescimento da renda entre a fatia dos mais ricos da população brasileira foi de 8,34% em 2012 em comparação com 2011, acima da média nacional de 8%. O avanço da renda dos mais ricos foi o principal responsável pela estagnação da desigualdade no Brasil. Esta é a conclusão de um estudo do Ipea apresentado nesta terça-feira (1º) que usou como base os resultados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). A pesquisa havia sido apresentada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última sexta-feira (27).
O Ipea aponta que, no ano passado, a renda média dos brasileiros cresceu 8%. A parcela da população que teve menor crescimento de renda foi a faixa entre os 10% e 20% mais ricos: 6,45%. O crescimento de renda da parcela da população que engloba os 10% mais pobres foi de 14,05%, também acima da média nacional.
No ano passado, o coeficiente de Gini (indicador que mede a desigualdade) ficou em 0,526%. “Se todas as pessoas no Brasil tivessem aumento de renda de 8%, estaríamos estáveis. Como os mais pobres cresceram e o mais ricos também cresceram, a desigualdade diminuiu pouco”, disse Marcelo Neri, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos.
Mesmo com o crescimento entre os mais pobres, a diferença entre as faixas dos 10% mais pobres e 10% mais ricos ainda é gritante. Os mais pobres ganharam em 2012 cerca de R$ 91,71 por mês. Já a renda dos mais ricos era de R$ 3.631,89 por mês.
De acordo com o Ipea, o crescimento dos mais pobres fez o número de pessoas na linha da extrema pobreza diminuir no último ano. Em 2012, o Brasil contava com 6,53 milhões na linha da extrema pobreza (que ganhavam menos de R$ 75 por mês). O índice correspondia a 3,6% da população. Cerca de 15,8 milhões de pessoas estavam na linha da pobreza (pessoas que ganham até R$ 150).
A população extremamente pobre (que vive com menos de US$ 1 por dia) caiu de 7,6 milhões de pessoas para 6,5 milhões. "Três milhões e meio de pessoas saíram da pobreza em 2012 e 1 milhão da extrema pobreza, em um ano em que o PIB cresceu pouco. Para a pobreza, o fundamental é o que acontece na base – cuja renda cresceu a ritmo chinês. O bolo aumentou com mais fermento para os mais pobres, especialmente para os mais pobres dos pobres", disse o presidente do Ipea.
A pesquisa também aponta que o objetivo do milênio de erradicar a extrema pobreza no Brasil em 50% foi alcançada há muito tempo. “De 2000 até 2012, 83% da extrema pobreza foi erradicada no país”, diz Neri. Ele atribui o crescimento do emprego e programas como o Bolsa Família para a diminuição da extrema pobreza.
Um dado para o qual o Ipea chamou atenção foi o crescimento da renda média do brasileiro em relação ao PIB do ano passado, que cresceu apenas 0,9%. “A discrepância entre o PIB e Pnad é surpreendente. Cresceu mais do que PIB per capita na China ”, diz o estudo.
Os dados apresentados pelo Ipea diferem dos números que tratam de desigualdade de renda apresentados pelo Pnad na semana passada e que tratavam da renda apenas obtida por trabalho.
Na Pnad, o aumento do rendimento médio foi de 5,8%; de 6,6% entre o os 10% mais pobres e 10,8% entre os 10% mais ricos.
Já este levantamento do Ipea levou em conta os rendimentos obtidos em trabalho, Previdência, Bolsa Família e benefícios sociais.
A ampliação da posse de bens e de acesso a serviços se deve, em grande parte, a dois fatores: o aumento da renda do trabalho e o impacto do Bolsa Família. "Nos últimos dez anos, o protagonista da redução da desigualdade é a renda do trabalho, o coadjuvante principal é o Bolsa Família", diz o estudo. De acordo com o Ipea, de 2002 a 2012, 54,9% da redução da desigualdade foi devido à contribuição da renda do trabalho. O Bolsa Família contribuiu 12,2% para essa queda. (Com Agência Brasil)
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