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Em clima de Carnaval, manifestantes pedem soltura de presos e fecham avenida no Rio

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

31/10/2013 17h41Atualizada em 31/10/2013 18h15

Em clima de Carnaval, ao som de instrumentos de sopro e percussão, cerca de mil manifestantes, segundo policiais militares que estão no local, saíram em passeata, às 16h45 desta quinta-feira (31), da sede do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), na avenida Presidente Antônio Carlos, no centro da capital fluminense, ocupando todas as faixas da via. Eles também caminharam, em silêncio, pela avenida Rio Branco. O ato foi convocado por 54 grupos.

ENTENDA O BLACK BLOC

O "black bloc" ("bloco negro") não é um grupo específico de manifestantes, mas sim uma forma violenta de agir adotada por manifestantes que se dizem anarquistas.

A tática "black bloc" consiste em "causar danos materiais às instituições opressivas". Na prática: depredar estabelecimentos privados --agências bancárias entre eles-- e pichar paredes.

O grupo passou pela Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) também pela igreja da Candelária. O ato, denominado "Grito da Liberdade", chegou ao ponto final definido pelos manifestantes, o bairro da Lapa, às 19h. No trajeto da passeata, que é acompanhada por dezenas de PMs,  muitos comerciantes da avenida Antônio Carlos, da rua Primeiro de Março e da avenida Rio Branco fecharam as portas.

Há dezenas de manifestantes conhecidos como black blocs à frente do grupo. Até o momento, não houve nenhum registro de depredação. Os manifestantes gritam e cantam contra o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e pela desmilitarização da PM.

Em faixas, eles pedem a liberação de dois manifestantes presos no último dia 15 que continuam na Cadeira Pública Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio.

A Câmara dos Vereadores foi fechada às 17h, ao invés das 20h, como de costume.

"Protesto dos blocs"

As pessoas que passaram na frente da sede do TJ-RJ durante a concentração da manifestação foram alertadas por policiais militares sobre os perigos do "protesto dos blocs", em referência aos simpatizantes do movimento Black Bloc.

Qual deve ser o principal tema dos próximos protestos no Brasil?

Transeuntes e funcionários do TJ-RJ que chegaram perto da barreira policial montada em frente ao Fórum foram aconselhados pelos PMs a tomar cuidado com a "quebradeira" dos mascarados. Questionado se era seguro ficar no local, um dos militares respondeu, entre risos: "se você gostar do cheiro de gás de pimenta". Cerca de cem PMs foram posicionados na frente do Fórum.

A manifestação foi convocada por atores globais como Wagner Moura, Camila Pitanga, Mariana Ximenes, Leandra Leal e Marcos Palmeira em vídeo publicado no YouTube, na última sexta-feira (25).

O movimento listou dez pautas comuns aos grupos que confirmaram presença no ato desta quinta: fim das prisões políticas; anistia aos processados e aos presos políticos; garantia do direito à livre manifestação; fim da violência policial; desmilitarização da PM; fim da "pacificação" armada; investigação dos crimes cometidos pelas polícias Militar e Civil através de corregedorias independentes dos governos dos quais elas fazem parte; democratização dos meios de comunicação; Marco Civil da Internet; e abertura de diálogo entre Estado e sociedade civil.