"É um absurdo", diz viúva de acidente da Gol sobre redução de penas de pilotos; associação vai recorrer
“É um absurdo”, indigna-se Rosane Gutjahr, viúva de uma das vítimas e representante da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907, quando questionada sobre a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de reduzir a pena dos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que pilotavam o jato Legacy envolvido no acidente aéreo com o Boeing da Gol, em setembro de 2006, no Mato Grosso.
“Falar em regime aberto para quem matou 154 pessoas é um absurdo. A pena tinha que ser a maior possível dentro da lei e ainda os pilotos deviam perder o brevê. É o mínimo, para se ter um pouco de sentimento de justiça", completou.
Na decisão desta quarta-feira (11), o STJ reduziu a pena dos dois pilotos de 3 anos e 1 mês, em regime aberto, para 2 anos e 4 meses. A defesa dos pilotos argumentou que, no julgamento do TRF, ambos tiveram a pena agravada um terço em função de "inobservância de regra técnica de profissão". Segundo a defesa, a violação de deveres técnico-profissionais já havia sido considerada para caracterizar a culpa dos pilotos no acidente. A ministra Laurita Vaz concordou com o argumento dos advogados e reduziu o tempo de condenação.
Rosane perdeu o marido, que tinha 50 anos, com que tem uma filha de 11 anos. O casal tinha uma empresa em Manaus e ele estava voltando para casa para fazerem uma viagem em família. “É algo incompleto. É uma ferida que fica aberta. É uma mistura de raiva, saudade, indignação. O tempo passa e a saudade não diminui, a saudade aumenta, diz.”
Mais de sete anos se passaram desde o acidente e o caso ainda não foi concluído na Justiça. No entanto, Rosane não desanima: "Estou na luta há 7 anos. E vou ficar nessa luta até o final, afirma".
O advogado que representa a associação, Cezar Roberto Bitencourt, afirmou que vai entrar com um recurso contra a decisão nesta sexta-feira (13). Segundo ele, o processo foi desmembrado e apenas a parte da defesa foi julgada pela ministra.
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