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Governo federal deve ajudar a abrir "rolezódromos", dizem lojistas

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

29/01/2014 13h12

O presidente da Alshop (Associação dos Lojistas de Shopping), Nabil Sahyoun, afirmou nesta quarta-feira que o governo federal está disposto a ajudar no diálogo com as prefeituras e os governos dos Estados para que sejam abertos espaços de lazer para os adolescentes nos “rolezinhos” - encontros de jovens marcados pela internet que reúnem pessoas principalmente em shoppings.

Sahyoun se reuniu nesta quarta-feira (29) com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, em Brasília. O ministro não conversou com a imprensa após a reunião.

A ideia é que os jovens tenham outros lugares de confraternização para que os shoppings não recebam grupos tão grandes.

O presidente do Alshop citou o sambódromo de São Paulo como espaço ocioso onde podem ser promovidos eventos culturais e de lazer para os jovens. Segundo Sahyoun, o sambódromo só é utilizado durante o carnaval e a corrida de Fórmula Indy. O pedido de novos espaços já havia sido feito ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O governo federal também deve marcar conversas com alguns organizadores dos "rolezinhos" para entender suas vontades e debater possíveis lugares de lazer, segundo Sahyoun.

Ainda de acordo com Sahyoun, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, citou a expansão do Ticket Cultura como uma das alternativas aos encontros nos shoppings.

Também participaram do encontro as ministras da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Luíza Bairros, e a secretária nacional da Juventude, Severine Macedo.

"Rolezinhos"

Para Sahyoun, grandes grupos de jovens nos centros comerciais podem causar “constrangimentos ou comprometer a segurança dos consumidores”.

Um levantamento parcial da associação estima a perda de 25% dos faturamentos mensais dos shoppings que fecharam nos dias de "rolezinho". O presidente da Alshop negou que os preços das lojas irá subir para compensar esse prejuízo. 

“Viemos pedir ao governo federal uma prevenção pacífica nos dias em que esses encontros sejam marcados”, afirmou Sahyon. O presidente da Alshop não explicou exatamente como seria essa prevenção.

Sahyoun também disse que a entrada desses jovens está permitida nos shoppings, mas que há uma preocupação da Alshop quanto aos “jovens infiltrados para fazer bagunça”.

"O governo [também] se mostrou preocupado com a Copa do Mundo. A gente sabe que tem gente infiltrada para tentar criar problemas junto à Copa do Mundo", disse Sahyoun.

“Se esses encontros continuarem a ser convocados, os shoppings continuarão abertos”, diz Sahyoun. “Imagina se uma grávida cai e perde a criança, o shopping será responsabilizado”.

Estavam presentes ainda na reunião com o governo federal Maria Cristina C. Franco, presidente da Associação Brasileira de Franchising, Vidal Ritvo Veicer, diretor proprietário do Shopping Ibirapuera, Eduardo Gribel, da rede de shopping centers Tenco, e Cláudio Bobrow, presidente da Puket.

Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), que participou da reunião com o governo federal, disse que a atitude de fechar os shoppings foi "precipitada" e que os comerciários foram prejudicados com a perda das comissões das vendas. Ele defendeu a melhor capacitação dos seguranças de shoppings para lidar com os "rolezinhos".

Em São Paulo, representantes da prefeitura, do Ministério Público e da Abrasce (associação que reúne mais de 250 donos de shoppings no Brasil) vão se reunir nesta quarta-feira para discutir os "rolezinhos". Organizadores dos eventos também devem participar da reunião.