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Polícia investiga bilhete homofóbico que usa símbolo do nazismo no Piauí

Bilhete com mensagem homofóbica e com símbolo do nazismo - Grupo Matizes/Divulgação
Bilhete com mensagem homofóbica e com símbolo do nazismo Imagem: Grupo Matizes/Divulgação

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

27/02/2014 16h02

A polícia do Piauí está investigando a origem de um bilhete escrito a mão assinado por um suposto grupo homofóbico que usa o símbolo do nazismo e que pede a morte de homossexuais e estaria “recrutando” seguidores em Teresina.

O bilhete foi entregue à Delegacia Especializada de Repressão às Condutas Discriminatórias nesta quarta-feira (26) pelo Grupo Matizes, entidade que defende os direitos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis) no Piauí.

O delegado Sebastião Escórcio disse que está solicitando a quebra do sigilo telefônico do celular informado no bilhete para tentar descobrir a autoria.

Escórcio informou que o autor do bilhete deve ser indiciado por incitação ao crime, intolerância motivada por preconceito de raça, cor e origem, além de apologia ao nazismo e também à homofobia.

O bilhete traz o desenho da suástica e a seguinte mensagem: “morte aos homossexuais. IMHO Irmandade de Homofóbica” seguida de um número de telefone celular para que os interessados “filiem-se”.

O UOL telefonou por diversas vezes para o número da “Irmandade Homofóbica” nesta quinta-feira (27), mas o número estava desligado ou fora da área de cobertura.

Segundo o grupo Matizes, o bilhete foi deixado preso no vidro do carro de uma empresária de Teresina que notou o papel quando estava saindo de casa para o trabalho.

A empresária tem funcionários que são homossexuais e, por isso, preocupou-se com a mensagem e entregou o papel ao Matizes.

“Se fossem encontrados outros bilhetes em outros locais poderia ser só coincidência, mas não é o que nos parece. Por isso estamos acreditando que isso pode ser perseguição”, disse um funcionário da empresária, que pediu para ter a identidade preservada ao ser entrevistado na tarde desta quinta-feira pelo UOL.

O Matizes informou que este é o primeiro caso denunciado ao grupo e, de posse do bilhete, prontamente os integrantes procuraram a polícia para que seja investigado e as providências cabíveis sejam tomadas.

Homofobia

Teresina é a capital brasileira que lidera a lista de assassinatos de homossexuais, segundo relatório do GGB (Grupo Gay da Bahia) elaborado em 2012. Segundo o relatório, Teresina teve a média de 15,6% de assassinatos de homossexuais em uma população de 836 mil habitantes, o que fez a capital piauiense ser considerada proporcionalmente a mais homofóbica do Brasil.

Os dados apontam também que o Piauí é o terceiro Estado brasileiro na lista de assassinatos contra homossexuais com 4,75 mortes. Foram 15 mortes registradas em 2012 para uma população de 1 milhão de habitantes. O primeiro lugar é ocupado por Alagoas, com uma taxa de 5,6 e em seguida a Paraíba, com 4,9.