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Hospital diz que não sabia da "gravidade" de fotógrafo que morreu em ônibus

O fotógrafo que morreu de infarto em frente ao INC (Instituto Nacional de Cardiologia), no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (2), é velado no Cemitério São João Batista, na zona sul do Rio. Os médicos da unidade de saúde podem ser indiciados por homicídio caso seja comprovada negligência por parte da equipe de plantão - Daniela amaral/ Estadão Conteúdo
O fotógrafo que morreu de infarto em frente ao INC (Instituto Nacional de Cardiologia), no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (2), é velado no Cemitério São João Batista, na zona sul do Rio. Os médicos da unidade de saúde podem ser indiciados por homicídio caso seja comprovada negligência por parte da equipe de plantão Imagem: Daniela amaral/ Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio

03/06/2014 15h32

O INC (Instituto Nacional de Cardiologia) informou, em nota divulgada nesta terça-feira (3), que não foi “dimensionada a gravidade do caso” por parte da pessoa que informou na recepção do hospital que o fotógrafo Luiz Cláudio Marigo, 63, precisava de atendimento médico emergencial. Ele morreu do lado de fora da unidade de saúde, após sofrer um infarto dentro de um ônibus que passava em frente ao INC.

“Assim que tomou conhecimento, uma equipe médica do INC seguiu para o ônibus para prestar o atendimento e lá ficou à disposição. Paralelo a isso, foi disponibilizado um leito no CTI do hospital para recepção do cidadão em caso de sucesso da reanimação”, diz a nota do instituto.

O hospital público não tem atendimento de emergência e está em greve. Marigo fazia a viagem em um ônibus da linha 422 (Grajaú-Cosme Velho) quando passou mal. Ao ser alertado por passageiros sobre o homem que passava mal, Amarildo Gomes, motorista do ônibus, parou o veículo em frente ao INC e foi orientado pelos funcionários do hospital a ligar para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Uma equipe do Samu que fazia o transporte de outro passageiro para o INC prestou os primeiros socorros ao homem, que não respondeu às tentativas de reanimação e faleceu.

Marigo era um fotógrafo renomado, especializado em imagens da natureza brasileira. Além de ter fotografias publicadas em diversas revistas brasileiras e estrangeiras, ele publicou dez livros sobre o tema e recebeu menções honrosas em concursos fotográficos internacionais. Ele também foi o responsável por fotografar os animais da fauna brasileira que apareciam em cartões que acompanhavam os chocolates Surpresa, da Nestlé, na década de 1980.

A nota do instituto afirma ainda que, na manhã de segunda, quatro pessoas foram atendidas em situação emergencial pela equipe médica do ambulatório. “Além disso, nesse mesmo dia, foram realizadas 223 consultas ambulatoriais, configurando o funcionamento normal da instituição, apesar da greve”, finaliza o texto

O caso foi registrado na 10ª DP (Botafogo), que já ouviu o motorista e o cobrador do ônibus. As investigações estão agora a cargo da 9ª DP (Catete), que instaurou inquérito policial para apurar a responsabilidade pela morte. O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio), também afirmou que apura o que aconteceu.