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Polícia prende homem suspeito de roubar 32 vezes casa da mesma mulher em SP

No total, perto de R$ 20 mil em dinheiro, além de eletrodomésticos, foram levados da casa de idosa em São Carlos - Maurício Duch / FolhaRegião
No total, perto de R$ 20 mil em dinheiro, além de eletrodomésticos, foram levados da casa de idosa em São Carlos Imagem: Maurício Duch / FolhaRegião

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

08/06/2015 14h55

A PM (Polícia Militar) de São Carlos (235 km de São Paulo) prendeu, na madrugada de ontem, um homem suspeito de roubar 32 vezes a residência de uma mulher de 77 anos. A onda de assaltos começou no Natal do ano passado e, no total, perto de R$ 20 mil em dinheiro, além de eletrodomésticos, foram levados. O acusado admitiu que não foi a primeira vez que roubou a casa, mas não soube precisar o número de ataques. Ele foi indiciado pelos crimes e também por uma ocorrência de furto.

Denilson Donizete de Paula foi capturado pela família da vítima depois do último dos roubos, realizado na noite de domingo. A idosa, que é viúva e aposentada, estava em casa sozinha, assistindo televisão, quando ele subiu no telhado, retirando algumas telhas, e entrou no local.

Após dominar a vítima, que chegou a ser amarrada, ele insistentemente perguntou onde ela tinha guardado o dinheiro e chegou a bater nela. Um vizinho passou pelo local e viu o telhado aberto e resolveu, então, chamar a família.

"Como os assaltos eram frequentes, a gente já estava esperando e os vizinhos também estavam avisados. Felizmente, conseguimos chegar a tempo", disse a enteada da vítima, a vendedora Margareth, 43, que pediu para não ter o sobrenome divulgado.

Fuga

A enteada chegou à casa acompanhada do namorado e entrou no local. Denílson percebeu a entrada e tentou fugir, pulando o muro, mas foi perseguido pelo casal e acabou detido em um terreno nas proximidades da casa após luta corporal. A PM chegou em seguida e fez a prisão.

O suspeito recebeu então voz de prisão e foi recolhido ao Centro de Triagem de São Carlos. Ele já foi indiciado pelos crimes e, em depoimento à Polícia Civil, confirmou que já roubou o local em outras oportunidades.

A reportagem tentou localizar o advogado do suspeito, mas a Polícia Civil informou que até a tarde de hoje nenhum advogado tinha sido indicado por Denílson.  Também foi informado que a enteada irá fazer o reconhecimento formal amanhã pela manhã e que o suspeito segue no Centro de Triagem. Após o reconhecimento, ele deve ser transferido para a Cadeia Pública de Araraquara.

Síndrome de Estocolmo

Segundo a enteada, os roubos aconteciam praticamente todas as semanas, sendo que em algumas semanas o marginal ia ao local mais de uma vez. "Ele encontrou muito dinheiro de um empréstimo que ela fez, no fim do ano, e depois passou a voltar sempre. A gente tentou tirar ela da casa, mas ela não queria. Também só registrou queixa depois de vários roubos. Até tentar abusar dela ele tentou", conta.

A enteada conta que a aposentada vive da pensão do marido morto e também de sua própria aposentadoria, com renda próxima a R$ 3 mil mensais, e que também costuma guardar esses recursos em casa. Margareth informou ainda que o criminoso sempre usou facas para ameaçar a vítima e que, quando não encontra dinheiro, bate na idosa. "Ele a torturava psicologicamente, por isso ela não quis registrar o caso. Acho que também tinha medo que acontecesse algo conosco", disse.

Ela disse ainda que acredita que a madrasta tenha desenvolvido a "Síndrome de Estocolmo", espécie de transtorno que ocorre depois de experiências traumáticas no qual a vítima sente uma ligação afetiva com o seu algoz. "Muitas vezes ela dizia que sentia pena dele, que não queria que ele fosse para a cadeia. Em outras, sentia raiva", conta.

Mesmo sem comentar o caso em específico, a psicóloga Marley Mascarenhas informou que, embora a Síndrome de Estocolmo seja mais frequente após períodos intensos de convivência sem interrupção, o fato de o criminoso voltar constantemente ao local pode ter causado o problema na idosa. "Evidente que seria necessária uma avaliação detalhada, mas o cenário certamente é possível", disse.