Topo

Polícia investiga 34 mortes em Manaus e suspeita de grupo de extermínio

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

20/07/2015 14h11

Operação com participação de todos os órgãos do Sistema de Segurança Pública do Amazonas investiga a ocorrência de 34 homicídios e dez tentativas de assassinato em Manaus, registrados entre a última sexta-feira (17) e a madrugada desta segunda-feira (20).

A série de mortes começou após os assassinatos de um preso do Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade), localizado no km 8 da rodovia BR-174, e de um sargento da PM (Polícia Militar), ao reagir um assalto na zona sul da capital, na sexta-feira. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) levanta a suspeita de que um grupo de extermínio tenha atuado nos crimes.

Segundo dados da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros, somente entre a sexta-feira (17) e a madrugada do sábado (18) ocorreram 23 assassinatos. Dentre as mortes estão a do preso Hudson de Souza Lopes, decapitado pela facção criminosa Família do Norte durante disputa por tráfico de drogas, e a do sargento Afonso Camacho Dias, 44. O policial foi alvejado por quatro tiros durante assalto a uma agência bancária. Os dois homicídios ocorreram na sexta-feira.

O último assassinato da série foi registrado às 2h30 de hoje. O autônomo Renato Simplício Duque, 31, foi atingido por um tiro no tórax, enquanto caminhava na rua Santiago Dantas, bairro Novo Israel, zona norte da cidade.

O secretário estadual de Segurança Pública, Sérgio Fontes, disse que há indícios de vingança em parte dos assassinatos registrados após as mortes do preso e do policial. Foram observadas “coincidências” relatadas por testemunhas, como características semelhantes de veículos, formas de abordagem às vítimas e o calibre das balas que atingiram as vítimas.

“De alguns [crimes] já temos os indícios de autoria, sobre os demais existe indicação de que foi uma ação orquestrada, e não descartamos qualquer hipótese. O que com certeza faremos é nos empenhar para, no mais curto espaço de tempo possível, esclarecer os casos e identificar os autores”, disse Fontes.

O assassinato do policial está sendo investigado pela Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações. Segundo a SSP, o delegado Adriano Félix, que coordena das investigações da morte do sargento, está com “sólida linha de investigação” e logo os acusados do crime estarão presos para serem apresentados à Justiça.

“Temos uma prioridade muito grande, porque a família policial clama por isso, e todos tinham uma consideração muito grande pelo sargento. Mas temos também que dar uma resposta para os outros homicídios, e nisso nós já estamos bem avançados”, ressaltou Fortes.

A Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) disse que está apurando a morte do preso para identificar e indiciar os autores do assassinato.

O MPE (Ministério Público Estadual) informou que o procurador-geral de Justiça, Fábio Monteiro, está acompanhando as investigações para, caso seja comprovada a participação de policiais nos assassinatos, a Promotoria de Justiça Especializada no Controle Externo da Atividade Policial instaure inquérito investigatório.

“Não se pode descartar nenhuma possibilidade, seja de vingança cometida depois do assassinato do policial ou de briga entre líderes da facção criminosa. A quantidade de mortes é absurda e mais absurdo será se tiverem sido executadas por policiais”, disse Monteiro.

A PM informou que reforçou o policiamento ostensivo em toda a capital para garantir a segurança. Além disso, foram montadas barreiras e blitze em pontos estratégicos para fiscalizar veículos e suspeitos.

Mensagens supostamente escritas por policiais circularam em grupos de WhatsApp na noite de sexta-feira alertando que haveria vingança da morte do sargento. Em uma das mensagens, supostos policiais dizem que haverá “caça à vagabundagem” e “os caveiras vão trazer a senhora morte”.

A mensagem ainda informa que a polícia não aborde motociclistas que estiverem com placas adulteradas usando nos veículos porque “iniciará a Justiça pelo povo, por Deus e pela morte do sargento”.

Em outro grupo, fotos com corpos enfileirados e a movimentação intensa no IML traz na legenda que “depois da morte do sargento, 19 vagabundos se suicidaram em solidariedade."