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Catadora de latinha do DF encontra R$ 3.200 no lixo e devolve ao dono

"Se eu pegasse, seria roubo e nunca roubei nem uma agulha", diz Tereza - Jéssica Nascimento/UOL
"Se eu pegasse, seria roubo e nunca roubei nem uma agulha", diz Tereza Imagem: Jéssica Nascimento/UOL

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

14/09/2015 14h47

“Não tenho dinheiro, casa chique nem estudo. Meu diploma é o caráter e a vontade de ajudar o próximo”, diz a catadora Tereza Silva, 61, que encontrou uma caixa de papelão com uma bíblia, carteira e R$ 3.200 dentro de um par de meias e devolveu ao dono.

O achado foi em uma feira de hortifrútis em Samambaia (DF) onde a aposentada costuma recolher produtos para reciclagem.

Tereza mora em uma casa simples com poucos cômodos. A principal renda da família vem da ajuda que a filha deficiente física de 34 anos recebe do governo: R$ 788.

Para pagar as contas no final do mês e comprar alimentos para os dois netos que moram com ela, a aposentada decidiu há seis anos catar latinhas pelas ruas do Distrito Federal.

Mesmo com as dificuldades financeiras, a mulher, que nasceu na Bahia, diz que em nenhum momento pensou em ficar com o dinheiro achado.

“Se eu pegasse, seria roubo e eu nunca roubei nem uma agulha em toda a minha vida. Sou pobre, mas tenho honestidade. Peço a Deus todos os dias saúde para poder trabalhar.”

Ao encontrar os R$ 3.280 enquanto procurava verduras e objetos recicláveis, Tereza diz que ficou aflita e preocupada com o dono do dinheiro.

“Imaginei a falta que a quantia iria fazer e fiquei com aquele peso nas costas. Dentro da carteira havia um endereço anotado em um pedaço de papel e fui atrás. Fui até lá e descobriu que o dono da carteira não morava mais no local. Entretanto, me passaram o telefone. Liguei e deu tudo certo, foi um alívio”, conta.

O dinheiro era da esposa do feirante Joaquim Basílio, 54. A mulher, após o dia de trabalho na feira, acabou jogando o dinheiro no lixo sem perceber.

“Há um mês encontrei um celular de R$ 1.000 e devolvi ao dono. Quem planta o bem colhe o bem”, diz Basílio.

Para Joaquim, Deus usou sua esposa para fazer o bem à dona Tereza. “Muitos a enxergavam como uma mendiga e não lhe davam o devido valor, até poderiam achar que ela é uma ladra. Hoje, a abraçam e a parabenizam”, disse o feirante.

Segundo a catadora, algumas pessoas a criticaram pelo gesto honesto. Ela conta que foi chamada de boba por não “saber aproveitar a oportunidade”.

“Quero ganhar o meu próprio dinheiro. Sempre preguei a bondade e o caráter dentro de casa e quero que meus filhos e netos continuem tendo orgulho de mim”.

Após a repercussão do caso, Tereza recebeu uma doação de R$ 3.200 do programa ‘Hoje em Dia’, da TV Record.

Tereza devolveu o dinheiro ao dono, o feirante Joaquim Basílio - Jéssica Nascimento/UOL - Jéssica Nascimento/UOL
Tereza devolveu o dinheiro ao dono, o feirante Joaquim Basílio
Imagem: Jéssica Nascimento/UOL