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Testemunha de morte em favela no Rio diz que PMs já mataram outras pessoas

Do UOL, no Rio

30/09/2015 17h49

Uma pessoa que disse ter testemunhado a morte do adolescente Eduardo Felipe Santos Victor, 17, no morro da Providência, no centro do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (29), afirmou em entrevista ao "RJTV", telejornal da Rede Globo, que os policiais que forjaram a cena do crime também mataram outros moradores da favela.

Segundo a testemunha, que teve a identidade preservada, o grupo é conhecido como "Bonde do Paulo", por conta do nome de um policial militar que atua na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da comunidade.

De acordo com o relato, "já foram mais de dez, de 20" assassinatos cometidos pelos PMs. A pessoa afirmou que o "bonde" mata "sem pena e sem dó" e "quer esculachar o morador". "Eles estão demais na nossa comunidade. Quando é o dia dele, é tiro à beça, criança não pode ir à escola, morador não pode ir trabalhar, horrível. Aonde a gente vai parar? A UPP é para cuidar da comunidade, não para ficar matando morador inocente".

A reportagem questionou a Coordenadoria de Polícia Pacificadora sobre a suposta existência do grupo mas não obteve resposta até o momento.

A testemunha contou ainda que o adolescente morto estava armado, tinha ligação com o tráfico de drogas, mas se rendeu ao ser abordado pelos PMs. "O garoto só falou assim: 'me rendo', mais nada. E gritou 'ai, ai'. Nesses 'ai, ai', ele já caiu de bruços no chão", contou. "Não foi troca de tiros. Não teve isso, não teve. Foi na 'judaria' mesmo, foi à queima-roupa, nos 'peito' do menino", completou.

Inicialmente, o caso do adolescente foi registrado como morte em confronto com a PM. Mas a versão dos policiais foi desmentida por um vídeo registrado por moradores. Nas imagens, o jovem aparece ensanguentado e estirado no chão. Um policial da UPP, acompanhado de três colegas fardados, coloca uma pistola na mão do jovem e dispara dois tiros em sequência. Antes, outro PM aparece dando um tiro para o alto com a própria arma.

O advogado Felipe Simão, que representa três policiais militares dos cinco acusados presos disse que o vídeo amador que mostra a ação dos policiais não transmite a realidade. Ele afirmou que primeiro objeto entregue pelo policial ao outro é um rádio transmissor, que teria caído das mãos do adolescente, e não uma arma. Em relação aos disparos feitos com a suposta arma da vítima, Simão disse que o policial efetuou os disparos porque tinha medo de levar a arma carregada para a delegacia.