Em áudio, general pediu que Bolsonaro segurasse ação da PF em acampamento
Mensagens de voz do general Mario Fernandes, obtidas pelo UOL, mostram que o militar pediu a Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) que o então presidente conversasse com o Ministério da Justiça sobre a possibilidade de "segurar" as ações da Polícia Federal no acampamento golpista montado em frente ao QG do Exército, em Brasíllia, após as eleições de 2022.
O que aconteceu
Mensagem de áudio, que integra as investigações da PF, foi enviada em 8 de dezembro. Na ocasião, Fernandes, um dos presos pela PF na terça passada, pediu a ajuda de Cid para repassar sua solicitação ao então presidente Bolsonaro.
Áudios integram a investigação da PF que aponta até plano para matar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. As apurações culminaram na Operação Contragolpe, deflagrada na terça-feira (19), que prendeu cinco pessoas (quatro militares e um policial federal) por suspeita de envolvimento na tentativa de golpe. Os áudios foram revelados pelo Fantástico, da TV Globo.
Já andou havendo prisão realizada ali pela Polícia Federal. Então, isso seria importante, se o presidente pudesse dar um 'input' [orientação] ali para o Ministério da Justiça para segurar a PF.
Mario Fernandes, em mensagem enviada a Cid
Na conversa, general diz que "tem procurado orientar" golpistas acampados em frente a quartel. Ele menciona "o pessoal do agro" e "caminhoneiros" como grupos com os quais tem interlocução.
Suposto mandado de busca e apreensão emitido pelo Tribunal Superior Eleitoral em relação a caminhões motivou a mensagem. "Os caras não podem agir, é área militar", argumenta Fernandes no áudio.
Os caminhões estão dentro de área militar, os caras vieram aí, porra, estão há 30 dias aí deixando de produzir pelo Brasil e agora vão ter os caminhões apreendidos. Cara, isso é um absurdo
Mario Fernandes, em mensagem a Cid
UOL teve acesso a 52 mensagens
Os 52 áudios mostram a participação ativa do general Mário Fernandes na articulação golpista. As conversas envolvem ainda outros militares como o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu.
Polícia Federal indiciou 37 na última quinta (21). Com 24 militares, a lista reúne nomes acusados de tentativa de golpe contra o então presidente eleito Lula (PT).
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