Mulher usou moto como 'sirene' para alertar vizinhos sobre chegada da lama
A auxiliar de serviços gerais Paula Geralda Alves, 36, disse ter subido em sua moto e percorrido as ruas do subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), acionando a buzina e gritando para as pessoas que as barragens de Fundão e Santarém tinham se rompido, na quinta-feira passada (5).
As barragens são de responsabilidade da empresa Samarco, que não tinha sistema de alarme para avisar os moradores. Segundo a companhia, isso foi feito por telefone.
Paula contou ao UOL, ainda com a voz rouca, que estava trabalhando em uma fazenda próxima ao subdistrito quando começou a escutar um barulho muito forte.
“Eu comecei a escutar aquela zoeira. Pensei que era um avião. Um colega meu aumentou o volume do rádio de comunicação e ficou sabendo que as barragens tinham se rompido”, afirmou. Ela disse não ter pensado duas vezes em sair com a moto gritando e buzinando para alertar os vizinhos.
“O meu colega só escutava pelo rádio: a barragem rompeu, a barragem rompeu. Eu saí correndo igual a uma doida, pulei a escada, montei na minha moto e saí gritando: 'A barragem rompeu'. Ainda buzinei igual a uma louca”, afirmou.
Conforme o relato dela, após percorrer as ruas da localidade, a gasolina da moto acabou.
“Na hora em que aconteceu isso, eu saí correndo, pegando menino e idoso para jogar em cima de caminhão, ajudei uma vizinha a carregar o pai dela que não anda. Só depois disso que eu subi em um morro e olhei para baixo. Daí eu vi que estava tudo tomado de lama. O Bento [Rodrigues] tinha acabado”, relembrou.
Paula diz achar que, com sua atitude, tenha alertado dezenas de pessoas. Ela contou ter feito isso tudo em menos de dez minutos.
“A buzina da minha moto é bem fraquinha, mas, nesse dia, não sei por quê, [a buzina] estava alta”, disse, sorrindo.
Paula disse ter passado as primeiras horas depois do vazamento no mato. “Ficamos a noite toda.”
“Heroína”
Depois que a história de Paula se espalhou na cidade, ela disse ter se desdobrado para atender aos pedidos para recontar seu ato de heroísmo e também conceder entrevistas. Nesta quarta-feira (11), ia para São Paulo para participar de programas de televisão.
“Está muito corrido. Todos querem saber da minha história. Isso é gratificante, porque eu tenho muitos amigos”, disse Paula, afirmando que não se considera uma heroína. "Só quero recomeçar e tentar colocar meus pais para cima, que estão muito abalados com o que ocorreu”, disse a moça.
Ela foi reconhecida por uma professora, que fez questão de cumprimentá-la, na porta do hotel onde foi alojada, juntamente com a filha de dois anos e os pais, além de outros desabrigados.
“Ela demonstrou ser uma mulher de fé. A atitude dela emocionou os marianenses. Ela não olhou só para si. Ela foi uma heroína que Deus iluminou”, disse a professora Helenice Venâncio, 43, abraçando a Paula.
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