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Cão-bombeiro vai trabalhar como terapeuta em hospital de SC

O cão Ice, que já participou de vários resgates e ganhou prêmios internacionais, será agora terapeuta em um hospital - Hospital Marieta Konder/Projeto Cinoterapia
O cão Ice, que já participou de vários resgates e ganhou prêmios internacionais, será agora terapeuta em um hospital Imagem: Hospital Marieta Konder/Projeto Cinoterapia

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

12/10/2016 06h00

Ice é um cão diferente. Nasceu em uma família de heróis. Faz parte da quarta geração de labradores de resgate de Santa Catarina. Já prestou muito socorro, como às vítimas da barragem em Mariana (MG). É o líder de uma matilha aquática. O salva-vidas de quatro patas comanda uma equipe de labradores e já recebeu oito prêmios internacionais.

Mas nessa segunda-feira (10) começou a trabalhar em uma nova missão: resgatar os pacientes do Hospital Marieta Konder de suas próprias dores. Aos sete anos, virou terapeuta.

A instituição está localizada em Itajaí, na região do Vale, e atende pacientes de média e alta complexidade. A sugestão de um cão-terapeuta foi do Sargento Evandro Amorim, 48, treinador de Ice desde os 40 dias de vida do cão.

Ice e Amorim vivem juntos em um apartamento. Treinam diariamente e são conhecidos no Estado pela eficiência. Em abril deste ano, por exemplo, foram convocados para auxiliar buscas de um jovem de 22 anos que estava desaparecido há nove dias. A suspeita da polícia é que o garoto tivesse sido morto e enterrado em alguma região do município de Caçador. A dupla demorou duas horas para achar o corpo.

Mas o sonho de Amorim era ver o amigo como terapeuta.

“Há registros de tratamento com cães desde 1792. Mas, desde a década de 70 há comprovação científica do resultado positivo. E o labrador é o animal ideal. Já que a sua característica principal é gostar das pessoas”, conta.

Ice irá ao Marieta uma vez por semana. Para se acostumar com o clima, inicialmente passeará apenas pelos corredores. Após adaptação irá visitar os pacientes nos quartos.

O objetivo é usá-lo para amolecer alguns corações endurecidos pela doença. E fazer com que as pessoas cooperem com sua melhora.

Paciente do hospital saúda o cão terapeuta Ice - Hospital Marieta Konder/Projeto Cinoterapia - Hospital Marieta Konder/Projeto Cinoterapia
Paciente do hospital saúda o cão terapeuta Ice
Imagem: Hospital Marieta Konder/Projeto Cinoterapia

“Pacientes que não querem sair do quarto podem mudar de ideia levando ele para passear. Os que se movimentam pouco podem ser estimulados a escovar seu pelo. E o humor de todos melhora”, explica a direção do hospital.

Para não comprometer a saúde dos internos, o labrador foi avaliado pela Comissão Central de Infecção Hospitalar. Com todos os exames e vacinas em dia, foi recebido com beijos e abraços.

A escolha pelo Marieta Konder não foi à toa. A mãe de Amorim, dona Maria de Lurdes, que faleceu recentemente, dedicou 30 anos da sua vida ao hospital.

Foi ela como enfermeira que estruturou o Centro de Tratamento Intensivo. E agora Ice, que é visto como um membro da família, continuará seu trabalho até ficar velhinho.

“O Ice é meu irmão. Tenho 29 anos no Corpo de Bombeiros, mas meu melhor período profissional foi ao lado dele. E o conhecendo sei que transformará a vida de muito mais gente”, conclui Amorin.

Não é só Amorim que treina o cão-bombeiro, sua filha de 6 anos adora brincar de médica e o cobre inteiro com faixas. Ice aguarda pacientemente a alta.