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Morre cão símbolo da Guarda de Tatuí que ajudou a prender 1.000 suspeitos

O cão Marley, que morreu antes de completar 10 anos, atuou na Guarda Civil de Tatuí, fazendo milhares de apreensões - Divulgação / GCM
O cão Marley, que morreu antes de completar 10 anos, atuou na Guarda Civil de Tatuí, fazendo milhares de apreensões Imagem: Divulgação / GCM

Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL, em Campinas

17/10/2016 15h24

A Guarda Civil Municipal de Tatuí (a 140 quilômetros de São Paulo) perdeu, na última sexta-feira (14), o cão Marley, um golden retriever que ganhou fama por atuar como um verdadeiro guarda civil e por participar de diversas ações sociais na cidade. 

Marley teve um problema cardíaco em razão da idade avançada e não resistiu. Em uma semana, ele adoeceu e morreu. Ele foi o primeiro e único cachorro condecorado pela corporação do município. O golden retriever trabalhou por quase 10 anos como farejador, ajudando a prender cerca de 1.000 suspeitos e a apreender mais de 50 quilos de drogas.

De acordo com Juceil Batista Rodrigues, guarda municipal e adestrador de Marley, a morte do cão que virou símbolo da corporação deixa um vazio irreparável. 

“Apesar de ter aposentado há mais de um ano, Marley era muito querido e respeitado por todos. Ele sempre visitava a corporação. Estamos sentindo muita falta dele”, disse Rodrigues.

Para ele, o cão se tornou muito mais que um parceiro de trabalho. “Ele virou meu melhor amigo. Depois que aposentou veio morar na minha casa. Foi tudo muito de repente. Ele apresentou um problema no coração por conta da velhice, pois já estava com quase 10 anos, e não resistiu. Segundo o veterinário que o atendeu, essa raça, de porte médio para grande, vive entre 10 e 12 anos”, lamentou.

Para Rodrigues, vai ser difícil esquecer os momentos vividos com ele, tanto no trabalho quanto na diversão. O cachorro foi um presente da Guarda Municipal de São Caetano do Sul, em 2007. “Lembro quando ele chegou pequenininho, com apenas três meses, e como foi o primeiro cachorro da Guarda Civil, comecei a adestrá-lo. Com um ano já estava trabalhando junto comigo em apreensões de drogas. Sempre vou me lembrar dele. Não terá como esquecê-lo. Muitos outros cães já passaram pelo nosso canil, mas nenhum como ele”, disse.

De acordo com Rodrigues, desde filhote, Marley já se mostrava muito especial. “A raça dele é de um cão leal, ativo e amigo. Ele sempre foi muito esperto e desde filhote já demonstrava que teria um futuro promissor”, acrescentou.

O cão trabalhou muito nas ocorrências e por isso foi o primeiro e único cachorro que recebeu condecoração do comandado da Guarda. Foi uma honra tê-lo ao meu lado. Ele era um cachorro diferenciado”, relembrou.

Ainda segundo o agente, Marley era famoso na cidade e chamava a atenção de todos, principalmente das crianças por ser muito dócil.

“Ao mesmo tempo que era dinâmico nas ocorrências de tráfico de drogas, era muito dócil quando participava dos projetos sociais nas escolas, em eventos de adestramento e as crianças o amavam”, disse.

Por ser tão diferenciado, recebeu a medalha de condecoração, em 2011, devido aos relevantes serviços prestados à corporação. Não só na parte de tráfico, de farejamento, mas também pelo trabalho na área social. “Ele era como um verdadeiro agente da corporação”, comentou Rodrigues.

O guarda ressaltou que Marley ficará na história da Guarda Civil e também na história de sua vida. "Como sempre acontece, após a aposentadoria o cão vai pra casa do adestrador, o que me deixou ainda mais próximo dele. Minha família o adorava. Meus filhos pequenos estão sofrendo bastante. Tínhamos uma rotina diária juntos. Estamos sentindo um vazio imenso”, acrescentou.

Em fevereiro de 2017, Marley completaria 10 anos e a família já planejava uma festa de aniversário pra ele. “Infelizmente, não deu tempo. Mas ele merecia uma festa bem legal”, concluiu.