PM "justiceiro" é condenado a 14 anos de prisão por homicídio em SP
A Justiça de São Paulo condenou o policial militar Eduardo Alexandre Miquelino a 14 anos de prisão e à perda do cargo público por um homicídio qualificado ocorrido em dezembro de 2014 no Capão Redondo, zona sul da capital.
O PM ainda é investigado por outras oito mortes ocorridas no mesmo bairro em 2015. Miquelino, inicialmente, vai cumprir a pena em regime fechado e não poderá recorrer em liberdade. A reportagem ligou para os três advogados do policial, deixou recado para uma e não obteve retorno.
A decisão foi proferida pela juíza de direito Patricia Inigo Funes e Silva na última segunda-feira (7), após denúncia do MP (Ministério Público). O processo corre em segredo de justiça.
Segundo as investigações da Polícia Civil, uma testemunha afirmou que Miquelino matou Jose Carlos Cotrim da Silva na véspera do Natal. A testemunha disse que o PM também tentou matá-la, mas as balas da arma haviam acabado. Ela foi a testemunha-chave da condenação.
De acordo com o promotor de Justiça Flávio Farinazzo Lorza, Miquelino era conhecido como “justiceiro” no Capão Redondo. Segundo Lorza, no dia do assassinato, o PM, de moto, estava na rua onde a vítima morava conversando com vizinhos.
“Sem qualquer possibilidade de reação, o denunciado efetuou diversos disparos com a arma de fogo que portava na direção da vítima”, escreveu o promotor na denúncia.
Ainda segundo o promotor, o crime foi praticado por motivo torpe, "haja vista que o denunciado o cometeu na condição de 'justiceiro'". Lorza informou que, além disso, "o homicídio foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, uma vez que foi surpreendida pelo ataque repentino".
Segundo o TJM (Tribunal de Justiça Militar), Miquelino é investigado por outras oito mortes, sob suspeita de as vítimas terem sido executadas entre abril e setembro de 2015. Segundo o tribunal, foram duas vítimas em abril, uma em maio, três em julho e duas em setembro.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou o policial está preso preventivamente no presídio Romão Gomes (destinado a policiais militares) desde 2015 e responde a um processo administrativo, pela morte de Silva, que pode resultar em sua demissão. A pasta afirmou que não comentaria a decisão judicial.
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