Estudante é impedida de frequentar escola por usar calça rasgada: "humilhante"
Larissa Ariane Souza enfrentou um problema inesperado quando escolheu a roupa para ir à escola em Américo Brasiliense, no interior de São Paulo, na última terça-feira (15). A estudante de 21 anos foi retirada da sala de aula por usar uma calça customizada, com rasgos na altura da coxa e dos joelhos.
A jovem, que cursa o programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), se arrumou para estudar na Escola Estadual Dr. Alberto Alves Rollo e escolheu uma calça com pequenos rasgões. Ao chegar na portaria, uma inspetora informou que a vestimenta fugia das normas da instituição.
“Mas não me falou para ir embora. Depois da primeira aula, outra inspetora entrou na sala e disse que eu não poderia usar aquela calça”, conta a jovem, em entrevista ao UOL. “Fui para a diretoria e me falaram que eu deveria voltar para casa e colocar outra, por causa do regulamento. Mas no dia da matrícula não me passaram nenhum regulamento.”
Larissa está na escola desde o começo do ano e, segundo ela, nunca tinha tido problemas com isso. “Eu fui a semana inteira com a mesma calça e ninguém tinha falado nada. Já vi muita gente ir com calças com detalhes”, revela a estudante. “Agora está assim. Ontem mesmo outro aluno foi mandado embora por causa da calça.”
Por meio de nota, a Diretoria Regional de Ensino de Araraquara, responsável pela escola, esclareceu que o conselho de pais e mestres da Dr. Alberto Alves Rollo decidiu, no começo do ano, que os alunos não poderiam frequentar as aulas com “shorts e bermudas acima do joelho ou calças customizadas”.
A jovem conta que se sentiu constrangida com o ocorrido. “Não foi uma situação legal. Eu tive de voltar para a sala de aula, recolher meu material e ir embora para casa como se tivesse feito alguma coisa, mas eu só queria estudar”, afirma. “Muitas pessoas dizem que não foi humilhante, mas foi humilhante, sim.”
A direção da escola, também por nota, diz que Larissa foi avisada sobre a proibição e que “não houve qualquer desrespeito ou humilhação”.
Na noite da terça-feira, a jovem postou três vídeos com desabafos sobre o caso. “Humilhação. Isso foi o que aconteceu comigo hoje nesta escola”, diz a postagem. Ao todo, os vídeos chegam a 60 mil visualizações.
Larissa não esperava toda esta repercussão. “Eu nem queria, na verdade. Só queria reclamar para que a diretoria da escola liberasse a calça”, conta a jovem. “Depois que viralizou, as pessoas estão me ofendendo porque tenho 21 anos e ainda estou no ensino médio. Mas eu parei quando fiquei grávida da minha filha de três anos. É exatamente essa minha reclamação: eu só quero terminar meus estudos.”
Agora, Larissa contratou um advogado e pretende entrar com um processo para que possa ir com a calça às aulas. “Se eles determinassem que o uniforme era camiseta do colégio e calça azul, eu teria comprado calça azul, mas o uniforme é só a camiseta”, argumenta. “Eu não vou comprar novas calças, que eu não vou usar em nenhum outro lugar, para passar quatro meses de aula, se não há um regulamento estabelecido.”
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, a escola fará nova reunião para reavaliar seu regimento escolar em relação ao uniforme.
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