Mulher é assediada após corrida e quer processar motorista e Uber: "em choque"
Wanderley Preite Sobrinho
Colaboração para o UOL
10/11/2017 11h58
A negociadora jurídica Jaqueline Miranda, de 27 anos, vai processar o motorista da Uber que tentou beijá-la à força depois de uma corrida em São José do Rio Preto (SP). O caso aconteceu na última quarta-feira (8). "Em choque", ela confirmou ao UOL que discute com seu advogado a possibilidade de também processar a Uber como co-responsável pelo incidente.
“Ainda estou em choque”, afirmou Jaqueline enquanto ia, de ônibus, formalizar a queixa contra o motorista do aplicativo por assédio sexual. “Nunca havia passado por algo parecido.”
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Jaqueline, que sofreu um acidente na empresa em que trabalha e está afastada pelo INSS, solicitou uma corrida pelo aplicativo porque seu joelho machucado doía muito. “Pedi um Uber para fazer o trajeto de cinco quarteirões entre o endereço em que eu estava e o banco Mercantil.”
Ao entrar no veículo, o constrangimento começou. “Ele mudou a rota e começou a me fazer perguntas pessoais: o que estava fazendo ali sozinha, se eu era casada, qual a minha profissão…”
Constrangida, ela decidiu fingir que falava ao celular até que o carro chegasse ao destino. Com crédito de R$ 5 da corrida anterior, Jaqueline pagou os R$ 0,75 que faltavam. “Tirei a carteira e paguei. Ele, então, parou em frente ao banco e me disse que a corrida tinha ficado barata demais. Pôs a mão esquerda na minha perna e com a direita me puxou para beijar.”
Ela saiu do carro aos gritos de “você está louco!”. “O segurança do banco me aconselhou registrar um Boletim de Ocorrência. Como comecei a passar mal, o moto-táxi me socorreu. Eles acionaram a Guarda Municipal e depois a PM.”
Justiça
A Delegacia de Defesa a Mulher de Rio Preto já recebeu a visita do suspeito, que se apresentou espontaneamente. A delegada Margarete Franco, no entanto, não pôde ouvi-lo porque ele ainda não havia sido intimado.
Jaqueline pretende processar o rapaz criminal e civilmente. “Criminal pelo abuso e, civilmente, vou pedir indenização por danos morais e constrangimento”, diz a mulher, que também pode levar o aplicativo à Justiça. “Meu advogado está analisando se podemos processar a Uber porque eles deveriam se responsabilizar pelos motoristas que contratam.”
Logo após o incidente, a vítima avaliou a corrida com apenas uma estrela e se justificou denunciando o assédio. Um representante da Uber em São Paulo ligou para Jaqueline para se colocar à disposição, garantindo que apurariam o caso e que desconectariam seu aplicativo do motorista suspeito. “Mas ele vai continuar pegando outras passageiras?”, questiona.
Em nota, a Uber informa que o motorista já foi “banido” da plataforma e que “nenhuma viagem é anônima e este tipo de comportamento, se confirmado, leva ao imediato desligamento da plataforma. Acreditamos na importância de combater, coibir e denunciar casos de assédio e violência contra a mulher”.
A reportagem ainda aguarda posicionamento da empresa sobre o processo a que pode ser alvo pela suposta co-responsabilidade.