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Após 50 anos separados, irmãos se reencontram durante transferência em hospital

Montagem mostra fotos dos dois irmãos, que se recuperam em leitos diferentes: Adolfo (à esq.), de 89 anos, e Antonio Teixeira da Silva, 64 - Arte/UOL sobre fotos de Beto Macário/UOL
Montagem mostra fotos dos dois irmãos, que se recuperam em leitos diferentes: Adolfo (à esq.), de 89 anos, e Antonio Teixeira da Silva, 64 Imagem: Arte/UOL sobre fotos de Beto Macário/UOL

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

25/11/2017 04h00

Após 50 anos de angústia e sem notícias, um encontro inusitado acabou, esta semana, com a distância entre dois irmãos. Adolfo Teixeira da Silva, 89, e Antonio Teixeira da Silva, 64, perderam o contato na década de 60 quando saíram do Estado de Pernambuco em busca de emprego na região Sudeste e nunca mais se viram. Porém, esta semana, ambos foram internados no HGE (Hospital Geral do Estado), em Maceió: cinco décadas depois, lá estavam os irmãos, na mesma enfermaria - e em leitos vizinhos.

Adolfo se internou no dia 5 no HGE, e Antônio, no dia 12 - ambos com problemas no intestino. Durante duas semanas eles não notaram que a busca por notícia um do outro estava prestes a acabar.

Foi durante a transferência dos dois para outro hospital, na quarta-feira (22), que os irmãos observaram que os nomes eram familiares e perguntaram o nome do pai. Para surpresa deles, os documentos de identidade confirmaram que ambos são filhos de Pedro Teixeira da Silva.

Rio Largo Alagoas - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL
“Quando chamaram Adolfo Teixeira da Silva e Antonio Teixeira da Silva a gente sentiu algo diferente. Logo observei que era o nome do meu irmão que eu não tinha contato e ele também. Pedi para minha filha ir perguntar o nome do pai dele e tivemos a confirmação que éramos irmãos. Meu outro filho foi em casa e trouxe a foto do nosso pai e meu irmão Adolfo abraçou o retrato chorando. Não tem felicidade maior que encontrar um irmão que eu achava que já tinha morrido: ele tem 89 anos”, conta Antonio Teixeira.

“Foi um encontro de emoção indescritível, um mistério de Deus”, disse Adolfo, destacando que nunca imaginavam que morassem perto um do outro há quase dez anos - ambos se mudaram para Maceió após se aposentarem.

"Queremos ficar o resto da vida juntos"

Antonio conta que, na época que perdeu contato com o irmão Adolfo, a comunicação era difícil. Antonio foi para a cidade de Pesqueira (PE), depois Rio de Janeiro, São Paulo e, finalmente, para Maceió. Já Adolfo foi para São Paulo, Mato Grosso e, por fim, Alagoas. Desde então, viviam na dúvida se ainda estariam vivos ou não, pois sequer tinham contato algum.

Antonio reside em Maceió, no bairro do Jacintinho, e Adolfo na cidade de Rio Largo, na região metropolitana de Maceió. Agora, os irmãos disseram que vão compensar a saudade que passaram com tanto tempo sem contato.

“Se Antonio deixar vou construir um quarto junto da casa dele e me mudo para o Jacintinho”, disse Adolfo. O irmão sinalizou que é só a família se organizar que eles morarão juntos. “Passamos tanto tempo sem notícia que queremos ficar o resto da vida juntos”, disse Antonio.

As famílias de Adolfo e Antonio ficaram felizes e já preparam um grande encontro quando eles receberem alta do hospital Paulo Neto, localizado no centro de Maceió.

"Tenho mais tios e primos que não conhecia"

Há mais coincidências nesta história: Adolfo e Antonio foram transferidos para o hospital Paulo Neto na mesma ambulância; agora, estão em leitos vizinhos, na enfermaria sete. O estado de saúde dos irmãos é estável, e Antonio deverá receber alta primeiro do que Adolfo porque este necessita de resultados de exames que ainda demoram alguns dias.

“A gente está sem acreditar como aconteceu esse encontro do meu tio com meu avô, pois pela idade dele acreditávamos até que ele já tinha morrido. Agora, estamos vivendo uma felicidade indescritível porque a família está completa, tenho mais tios e primos que não conhecia”, conta a neta de Antônio, Natália Barbosa da Silva, que acompanhava o avô no hospital, nesta sexta-feira (24).

“Foi muito lindo ver o encontro deles e saber que nossa família é grande. Vamos nos organizar para fazer uma festa quando eles receberem alta, pois não é todo dia que encontramos um familiar que estava sem notícias há mais de 50 anos. Esse encontro até ajudou na recuperação dos dois e eles devem receber alta nos próximos dias”, contou a filha de Antônio, Maria José Teixeira da Silva.