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Governo Crivella reduz verbas para festas católicas e da umbanda e alega crise

Católicos festejam Corpus Christi na Catedral Metropolitana, no centro do Rio de Janeiro Imagem: Márcio Alves/Ag. O Globo

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

14/12/2017 04h00

Após anunciar redução pela metade do apoio às escolas de samba no Carnaval da Marques de Sapucaí, a Prefeitura do Rio de Janeiro também diminuiu, ao longo do primeiro ano da gestão de Marcelo Crivella (PRB), repasses para festas do calendário católico e da umbanda, como o evento do Barco de Iemanjá, que acontece no próximo sábado (16). A prefeitura alega dificuldades orçamentárias em decorrência de crise financeira.

A verba destinada à Arquidiocese do Rio de Janeiro, que conta com incentivo da prefeitura para realizar festas e eventos culturais do calendário católico, teve redução de 65% em relação ao ano passado --foram R$ 450 mil liberados até dezembro ante R$ 1,32 milhão em 2016.

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No ano passado, último ano da gestão Eduardo Paes (PMDB), houve o pagamento integral da verba prevista. Já neste ano, do total previsto, que já era menor (R$ 840 mil), 53% foram pagos até este mês.

A assessoria de imprensa da Arquidiocese minimizou a redução, dizendo que isso não afetará as próximas datas católicas, como o Natal e o Dia de Reis. A Arquidiocese não comentou de que maneira o corte nos repasses afetou os festejos neste ano.

Já a prefeitura carioca responsabilizou a crise. “A redução se deu pelas notórias dificuldades orçamentárias vividas pela Prefeitura em decorrência da crise e da determinação de se reduzir todos os custos já no início desta gestão. Em relação aos eventos que receberão verbas, essa é uma demanda que vem da própria Mitra e que é submetida à análise da Prefeitura. Portanto, não há previsão de pagamento nem de quais eventos serão apoiados”, disse, por meio de nota, a administração municipal.

O UOL não encontrou, no Diário Oficial do Município ou no portal Rio Transparente --que divulga informações sobre a execução orçamentária do Executivo municipal--, referências a verbas aplicadas em eventos ou festas evangélicas. O prefeito Crivella é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

Umbandistas apelam para 'vaquinha virtual'

Já o Barco de Iemanjá, evento tradicional da umbanda que homenageia a orixá neste fim de semana em Copacabana, zona sul do Rio, teve sua verba --cerca de R$ 30 mil-- suspensa integralmente pela prefeitura. A administração Crivella justificou, dizendo que a renda seria convertida para educação e saúde --sem especificar, contudo, de que forma será empregada.

O evento do Barco de Iemanjá acontece no sábado (16) Imagem: Divulgação/Ceub

A solução encontrada pela Ceub (Congregação Espírita Umbandista do Brasil), entidade responsável pela organização da celebração do Barco de Iemanjá, foi organizar uma vaquinha virtual para levantar fundos para a festividade --até a publicação da reportagem, quase R$ 5.000 dos R$ 35 mil solicitados tinham sido arrecadados.

Apesar de a arrecadação estar abaixo da expectativa dos organizadores, o evento está confirmado.

Ao UOL, a Ceub afirmou que “falta diálogo” por parte da gestão municipal. “Nós temos vontade de conversar com o prefeito Marcelo Crivella. Seria legal que ele pelo menos considerasse um diálogo com o pessoal da umbanda. Protocolei um pedido de reunião com ele em 26 de janeiro. Até hoje não obtive resposta”, disse Jorge Mattoso, produtor executivo da congregação.

Procurada, a assessoria do gabinete do prefeito declarou que “a Coordenadoria de Respeito à Diversidade Religiosa, vinculada à Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, mantém diálogo com todos os grupos e entidades representativas que atuam no município, inclusive a Congregação Umbandista do Brasil”.

E acrescentou que a Ceub se encontrou três vezes com a RioTur (Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro), órgão responsável por gerir a verba da procissão umbandista, além de reiterar que o canal de contato está aberto.

“A única coisa que lamento é que a RioTur poderia nos ter informado com antecipação [sobre o corte da verba]”, afirmou o organizador do Barco de Iemanjá.

A Ceub bateu na porta de empresas privadas para um possível patrocínio, sem sucesso. “Como é uma utilidade pública estadual, as empresas podem deduzir o apoio no imposto”, sugeriu. “É uma religião, mas não só isso. É arte. Tem um papel preponderante na culinária brasileira, na música. Todo mundo se veste de branco no fim do ano por causa da nossa influência. É patrimônio imaterial do Estado do Rio, está inserido no calendário oficial da cidade”, justificou o produtor executivo.

Conforme levantamento feito pelo jornal “Extra” em agosto, houve ao menos sete ocasiões em que Crivella se encontrou com líderes religiosos evangélicos ou judaicos, em compromissos oficiais ou particulares.

Questionada pelo UOL sobre o fato de a agenda do prefeito não estar disponível no site da prefeitura para acesso do público carioca --a exemplo de outros mandatários que administram outras capitais brasileiras--, a assessoria informou que a agenda do prefeito é “dinâmica”, mas que seus compromissos são divulgados diariamente aos meios de comunicação.

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