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Barco com 25 imigrantes e dois brasileiros à deriva é resgatado na costa do Maranhão

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

20/05/2018 13h01

Um barco com 25 imigrantes africanos e dois brasileiros foi resgatado à deriva na costa do Maranhão na noite deste sábado (20). De acordo com a Capitania dos Portos do Maranhão, a embarcação possui bandeira do Haiti, mas os imigrantes são africanos. O país de registro do barco ainda seria checado para conferir se a bandeira é verdadeira.

Resgatados por pescadores cearenses, eles teriam contado que estavam há ao menos 35 dias perdidos no mar e passado mais de uma semana à deriva. As pessoas, amontoadas a bordo, já estavam sem alimentação quando foram avistadas pelo barco de pesca do Ceará.

A embarcação foi rebocada pelos pescadores do alto mar para o cais de São José de Ribamar (MA), cidade costeira mais próxima do ponto onde foram encontrados, e atracou por volta das 23h30.

Foram encontrados estrangeiros vindos do Senegal, Nigéria, Guiné, Serra Leoa e Cabo Verde, além dos dois brasileiros, de acordo com o governo do Maranhão. Todos os resgatados são homens adultos, informou a Marinha.

A Polícia Federal investiga se houve crime no transporte dessas pessoas ao país e vai avaliar a situação jurídica delas no Brasil. Uma das suspeitas iniciais é de que os dois brasileiros estivessem fazendo o transporte irregular dos africanos. Porém, ainda não há informações de onde e para onde o grupo viajava. 

De acordo com a Capitania dos Portos, a Marinha recebeu na manhã de sábado a informação de que havia uma embarcação estrangeira à deriva no mar a 60 milhas náuticas (cerca de 110 km) de São José de Ribamar. Foram acionados o CTA (Comando Tático Aéreo), da PM do Maranhão, a Polícia Federal, Anvisa, Corpo de Bombeiros e a EMAP (Empresa Maranhense de Administração Portuária) para localizar a embarcação. Sobrevoos na área foram realizados, mas o barco não foi localizado.

Pela tarde, quando a Marinha preparava um plano para enviar navios ao local para achar o barco, chamado "Rossana", recebeu um rádio informando que o barco pesqueiro "Tampinha I" havia localizado o "Rossana" e o estava rebocando até o cais de São José de Ribamar, que fica a cerca de 30 km da capital São Luís.

De acordo com a Capitania dos Portos, o pescador Raimundo Lima Patrício, que conduzia o barco pesqueiro, afirmou que estava quase sem água e comida para os tripulantes do outro barco que encontrou à deriva e que, por isso, teve de atracar na cidade e não seguiu para o Porto do Itaqui, para onde a Marinha havia mandado ele ir. Segundo o pescador, o "Rossana" estava em condições precárias, o que o impediria de navegar por muito mais tempo.

"As primeiras providências foram tomadas ainda no cais de São José de Ribamar, onde foram realizados os primeiros atendimentos médicos e servidas refeições. A equipe multidisciplinar do CEAV (Centro Estadual de Apoio às Vítimas) também esteve prestando apoio psicológico", afirmou o governo do Maranhão por meio de nota. 

Os resgatados foram atendidos na Unidade de Pronto Atendimento do Araçagi, na madrugada de hoje, e apresentavam quadro de desidratação. 

A Secretaria de Estado da Saúde informou que, após medicados e avaliados, os resgatados foram liberados e encaminhados para o Ginásio Costa Rodrigues, na capital maranhense, onde ficarão alojados pelos próximos dias enquanto o caso é apurado pelas autoridades. Eles estão sob a responsabilidade da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular.

A secretaria de Saúde afirma também que uma equipe do CIEVS (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) realizará o acompanhamento dessas pessoas.

Tanto a Capitania dos Portos quanto a Polícia Federal investigam o que aconteceu.

Com informações do Estadão Conteúdo