Porta-helicópteros comprado pela Marinha por R$ 350 milhões chega ao Rio no sábado
O navio porta-helicópteros comprado pelo Brasil por R$ 350 milhões da marinha britânica chegará ao Rio de Janeiro no próximo sábado (25). Ele passa a ser o maior e mais importante navio da esquadra brasileira.
A embarcação é um porta-helicópteros multipropósito construído no Reino Unido em 1995. Na marinha real britânica, o navio era chamado de HMS Ocean, mas no Brasil foi rebatizado de Atlântico.
O porta-helicópteros tem 203 metros de comprimento, abriga 800 militares e pode operar simultaneamente com sete helicópteros (chegando a armazenar até 12 se estiver fora de operação).
O Atlântico poderá ser usado tanto em eventuais operações de guerra, como em missões humanitárias, pois tem uma grande estrutura hospitalar em seu interior. Ele poderia ser usado, por exemplo, em uma missão de socorro a uma nação vítima de terremoto, como os Estados Unidos fizeram no Haiti em 2010.
O navio já está em águas brasileiras, na região de Arraial do Cabo (litoral fluminense), mas só chegará ao Rio no sábado (25). Ele será recebido com uma parada naval com aproximadamente 10 navios de guerra, que começará às 8h na Barra da Tijuca e terminará às 11h na Baía de Guanabara. Será possível ver as embarcações de praticamente toda a costa da capital.
Compra a prazo
A compra do navio começou a ser negociada em 2017 pelo Ministério da Defesa e concluída em 29 de junho deste ano com a entrega para militares brasileiros no porto de Plymouth, na Inglaterra.
A compra ocorreu porque o principal navio da esquadra brasileira, o porta-aviões São Paulo, estava impossibilitado de operar desde o início de 2017, pois necessitava passar por um processo de modernização que poderia custar até R$ 1,2 bilhão. Ele se encontra atualmente parado no porto do Rio de Janeiro, segundo a Marinha.
O Ministério da Defesa não tinha toda a verba para pagar pelo navio à vista, mas negociou um pagamento a prazo com o governo britânico.
Preparação
Um grupo de 303 militares brasileiros passou cinco meses, de fevereiro a junho de 2018, em treinamento no navio junto com uma tripulação britânica. Eles fizeram cursos com a marinha real e com representantes dos fabricantes dos equipamentos instalados no navio.
No Brasil, outros 129 militares se juntarão à tripulação que deixou a Inglaterra em 29 de junho a caminho do Brasil.
Além da tripulação essencial de 300 marinheiros, o navio poderá transportar mais cerca de 800 fuzileiros navais para eventuais ações de desembarque de tropas em praias inimigas, 40 veículos e um total de 12 helicópteros (que o Brasil já possui). Ele é capaz de deslocar ao todo mais de 21 mil toneladas.
Além dos helicópteros, a defesa do navio é feita por quatro canhões navais de 30 milímetros.
Polêmica
A venda da embarcação ao Brasil gerou grande polêmica no Reino Unido. A embarcação havia passado, três anos antes, por uma modernização que custou cerca de 65 milhões de libras e foi vendida ao Brasil por 85 milhões de libras. Políticos e alguns membros da marinha britânica criticaram a operação, dizendo que era desperdício de dinheiro e deixaria a marinha real desfalcada.
A decisão de vender o navio ocorreu porque duas embarcações maiores que estão sendo construídas poderão substituí-lo: os porta-aviões HMS Queen Elizabeth e o HMS Prince of Wales – mas eles só ficarão prontos a partir de 2020. Também pesou na decisão britânica uma restrição de recursos no orçamento da defesa, segundo o jornal Mirror.
O HMS Ocean, antigo nome do Atlântico, era o maior navio da esquadra britânica. Ele era conhecido pelos marinheiros como o “Poderoso O”.
Em 20 anos de serviço, ele participou da intervenção britânica na guerra civil de Serra Leoa no ano 2000, da invasão do Iraque por forças ocidentais em 2003, da guerra na Líbia em 2011 e da segurança da Olimpíada de Londres em 2012, entre outras operações.
O navio também foi usado em diversas operações humanitárias, entre elas o socorro a Honduras e Nicarágua após a passagem do furacão Mitch em 1998, ações humanitárias no fim da guerra do Kosovo em 1999 e o socorro a ilhas do Caribe devastadas pelo furacão Irma no ano passado.
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