Saque de R$ 35 milhões acelerou pedido de prisão de João de Deus, diz MP
O Ministério Público de Goiás confirmou neste domingo (16) que o médium João Teixeira de Faria, 76, conhecido como João de Deus, retirou R$ 35 milhões de contas e aplicações financeiras após as primeiras denúncias de abuso sexual. A informação, revelada pelo jornal O Globo no sábado (15), acelerou a decretação da prisão preventiva do médium. João de Deus se entregou na tarde deste domingo à polícia e foi preso.
Desde a tarde de sábado, João de Deus era considerado foragido pelo MP. Uma uma força-tarefa instaurada para apurar denúncias de abuso sexual e estupro já recebeu pelo menos 335 relatos de mulheres de diferentes estados e também de seis países (Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça). As vítimas formalizaram denúncias contra o médium por meio de canais oferecidos pelo Ministério Público.
Desde ontem, ele poderia ser preso por qualquer autoridade policial brasileira ou estrangeira, com auxílio da Interpol, caso saisse do país. Entretanto, ele se entregou em uma estrada de terra de Abadiånia (GO).
O advogado Alberto Toron, que defende João de Deus, afirmou que entrará com um pedido de habeas corpus para reverter a decisão nesta segunda-feira (17). Para Toron, a prisão é "ilegal", já que trataria de fatos "antigos" e sobre os quais "não há nenhuma contemporaneidade" capaz de exigir, agora, uma prisão preventiva.
O pedido de prisão preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, havia sido feito no final da tarde da última quarta-feira (12) pela força-tarefa de cinco promotores de Goiás.
Os crimes teriam sido cometidos pelo médium na Casa Dom Inácio de Loyola, espécie de hospital espiritual criado por ele em Abadiânia, contra mulheres que buscavam atendimento.
Na quarta-feira (12), antes do pedido de prisão ser divulgado, o médium reapareceu em público na casa de oração pela primeira vez desde que os casos começaram a ser revelados e disse ser inocente.
As primeiras denúncias foram reveladas na sexta-feira (7) no programa "Conversa com Bial", da TV Globo. Como as vítimas estão em diferentes estados da federação, os depoimentos são prestados nas localidades e encaminhados a Goiás.
Religioso diz que é inocente
Na sua última aparição pública, na quarta-feira, João de Deus cumprimentou o público, sob aplausos, e disse que "queria cumprir a lei brasileira".
"Agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da lei. João de Deus ainda está vivo", afirmou a fiéis. Ele permaneceu no local apenas dez minutos e, ao sair, disse a jornalistas que era inocente.
*Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil
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