MP diz que assassinato de Marielle foi planejado três meses antes do crime
Marcela Lemos e Nathan Lopes
Colaboração para o UOL, no Rio, e do UOL, em São Paulo
12/03/2019 08h58Atualizada em 12/03/2019 16h08
A ação que culminou com o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes foi planejada três meses antes do crime. Em nota, os promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), dizem que "a empreitada criminosa foi meticulosamente planejada".
Na madrugada de hoje, uma ação do MP em conjunto com a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu dois suspeitos de terem matado Marielle e Anderson: o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz. O crime completa um ano na próxima quinta-feira (14). Os advogados dos dois presos negaram que ambos tiveram participação no crime (veja abaixo).
Segundo a Promotoria, Lessa é apontado como o autor dos disparos na noite de 14 de março do ano passado. Queiroz, que foi expulso da PM por fazer segurança ilegal a uma casa de jogos de azar, estaria na condução do carro usado no crime, de acordo com as investigações.
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O MP ainda não divulgou detalhes sobre as investigações que levaram às prisões dos suspeitos e também sobre o planejamento para o crime.
Além das prisões, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão nos endereços dos suspeitos. O objetivo é apreender documentos, telefones celulares, notebooks, computadores, armas, acessórios, munições e outros objetos.
O MP diz que "é inconteste que Marielle foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia". Para os promotores, o assassinato foi um golpe ao "Estado Democrático de Direito".
Outro lado
A defesa de Queiroz explicou que o ex-PM sequer estava no local do crime no dia. "Tenho certeza que não há foto dele no carro, nem muito menos gravação dele neste dia. Tenho certeza que a vítima que sobreviveu não vai reconhecer o meu cliente", explicou o advogado Luiz Carlos Azenha.
Ele classificou de "trapalhada" a medida do MP e da Polícia Civil. "Trata-se mais uma vez de outra trapalhada da Polícia Judiciária com todo respeito à gloriosa Polícia Civil, mas nós já vimos que esse procedimento criminal, persecução penal, vem de outras trapalhadas", disse.
O advogado Fernando Santana, responsável pela defesa de Lessa, também destacou a inocência do seu cliente. "Tive contato com ele muito rápido, mas ele nega que tenha cometido qualquer tipo de assassinato. Vou ter acesso ao inquérito, pois até agora não tive - primeiro está em segredo de Justiça, mas agora já peticionamos para poder termos ideia de como chegaram na prisão do Ronnie Lessa", afirmou.