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Delegado diz que tudo indica que Exército metralhou carro por engano no Rio

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

08/04/2019 09h24

A delegacia de homicídios do Rio, que investiga a morte de Evaldo Rosa dos Santos, que teve o carro metralhado por militares do Exército ontem à tarde na estrada do Camboatá, em Guadalupe, zona norte da cidade, disse em entrevista à TV Globo, que "tudo indica" que os militares atiraram ao confundirem o carro com o de supostos assaltantes. Segundo a Polícia Civil, mais de 80 disparos foram realizados contra o veículo.

Santos estava com a família a caminho de um chá de bebê quando foi abordado. O sogro dele, que estava no veículo, e um pedestre também ficaram feridos. Segundo a família, a vítima não tinha qualquer envolvimento com o crime, como foi informado pelo Exército na tarde de ontem. O delegado reforçou a posição da família.

"Foram diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares", afirmou o delegado Leonardo Salgado, da divisão de homicídios.

Além do sogro, também estavam no carro a mulher, o filho de Santos, de sete anos, e uma afilhada do casal, de 13. Um pedestre que passava no local no momento da abordagem também foi atingido. Ainda não foram divulgadas informações sobre o estado de saúde deles.

Procurado neste domingo, o CML (Comando Militar do Leste) informou que o tiroteio aconteceu depois que militares se depararam com um assalto na região. Em seguida, foram alvo de tiros que teriam partido do carro no qual estava Santos e a família.

Um amigo do segurança, Alexsander Conceição, 47, negou ontem ao UOL a versão do Exército. "Não encontraram nenhuma arma com eles. Os moradores da região dizem que os militares confundiram o carro porque estava acontecendo tiroteio na área antes disso", disse.

O amigo disse ainda que acionou a Polícia Civil para tentar evitar que apenas a Polícia do Exército fique responsável por investigar o caso.

"O que aconteceu foi um absurdo. As pessoas que moram na região fizeram vídeos que mostram que não teve troca de tiros. Eles [militares] continuam atirando e atirando", explicou.

Procurados novamente hoje após as versões dadas pela família de Santos e pelo delegado, o CML ainda não se posicionou sobre o ocorrido.

O Exército determinou que fossem "coletados os depoimentos de todos os militares envolvidos, bem como das testemunhas civis". A nota enviada diz ainda que o Ministério Público Militar foi informado sobre o caso e vai supervisionar os depoimentos.