Manifestante é preso antes de evento com a presença de Bolsonaro em Santos
Marcelo Oliveira
do UOL, em São Paulo
10/01/2020 18h42Atualizada em 12/01/2020 19h13
Na frente da Santa Casa de Santos, onde o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vai inaugurar o novo pronto-socorro do hospital, um homem foi preso na tarde de hoje pela Polícia Militar após protestar contra fãs do presidente.
Segurando uma Constituição, ele protestava próximo e contrariamente a um grupo de militantes da Aliança pelo Brasil, o novo partido que Bolsonaro tenta criar, e passou a ser hostilizado por este grupo, sendo chamado de vagabundo. Em seguida, a PM o prendeu.
Em nota divulgada à noite a PM informou que o motivo da prisão foi desacato. A reportagem do UOL, contudo, ouviu uma conversa dos policiais com seguranças da presidência na qual disseram que a prisão foi feita para evitar risco de agressão, uma vez que o homem protestava sozinho contra um grupo grande de pessoas.
Às 20h30, após a inauguração do PS, a reportagem foi ao 2° DP (Distrito Policial), mas estava fechado.
Em nota, a PM disse apenas que o homem "causou uma confusão no local e desacatou os policiais militares durante a abordagem". O 2º DP registrou um termo circunstanciado por desacato e liberou o manifestante em seguida. O teor do termo registrado não foi divulgado.
Outro lado
Edgar Henrique Siqueira afirma ser o homem nas imagens. Por email ele procurou o UOL para dar sua versão.
Segundo publicou nas redes sociais e em comentário nesta reportagem, ele voltava à pé desde a prefeitura de Santos, onde havia se inscrito em um concurso público, quando deparou-se com o grupo de apoiadores de Bolsonaro na inauguração.
Com a Constituição nas mãos, ele afirma que levantou o livro e começou a gritar palavras de ordem contra o que chama de "abusos e absurdos que estão cometendo contra nossos direitos e nossas vidas".
"Em nenhum momento eu fui fisicamente violento com ninguém e nem revidei as agressões. Pacificamente levantei a Constituição e minha voz", escreveu Edgar.
Em um post publicado neste domingo (12) no Facebook ele afirma ter sido contido com violência pelos policiais que o prenderam e que foi ameaçado, tanto pelos manifestantes, quanto pelos policiais.
O homem afirma que não é filiado a nenhum partido político e que possui "diálogo com pessoas que pertencem ou admiram vários partidos de vários pontos e posicionamentos".